terça-feira, 1 de setembro de 2009

A internet está mudando a "relação médico-paciente"

Uma área que está em constante desenvolvimento e evolui de forma tão rápida quanto a medicina é a informática, principalmente quando o assunto é a internet. Desde sua chegada ao país na década de 90, a rede mundial de computadores já alcançou bilhões de brasileiros através de um acesso cada vez mais rápido. Hoje, é possível encontrar informações sobre praticamente todos os assuntos na grande rede e a medicina não está fora deste contexto.


Aliados a essa facilidade de acesso, estão o aumento do nível educacional da população e os inúmeros sites com dicas e conhecimentos na área de saúde. Todos esses fatores fizeram surgir um novo tipo de paciente: aquele que busca informações sobre sua doença, tratamento, medicamentos e custos de internação, muitas vezes antes mesmo de ir até o consultório de um profissional da saúde.


Gostaria de comentar neste post, o trabalho da pesquisa Wilma Madeira, mestre em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (USP), chamado de "navegar é preciso: avaliação dos impactos do uso da internet na relação médico-paciente". Aproveito a entrevista publicada sobre o trabalho na revista DOC, gentilmente cedida pela editora de mesmo nome.


Resumidamente, segundo dados da pesquisa, 67% dos pesquisados utilizam informações obtidas na internet para subsidiar a decisão sobre os procedimentos a serem realizados, 31% afirmam que estas informações podem ou não subsidiar a decisão sobre os procedimentos a serem adotados, e 2% afirmam que não consideram estas informações. Ou seja, temos um grande contingente de pessoas que estão cada vez mais sendo influenciadas por informações acerca de suas enfermidades, tratamentos e isto está (segundo eles) influenciando suas decisões.

Em outras palavras, a internet está propiciando elementos que potencializam a participação do paciente durante as consultas médicas.

Creio que isto é inevitável, e estamos diante de um processo, onde existirá uma maior autonomia do paciente, com um maior conhecimento, claro que não pleno, mas pelo menos suficiente, de seu estado de saúde, dos riscos a sua saúde e da condição de vida. Este é um aspecto positivo, pois com certeza, o médico poderá igualmente valer-se deste conhecimento para ampliar o "compliance", ou a correta sequência ao tratamento, pois com maior informação, o paciente também conhecerá melhor a importância de seguir a correta prescrição.

De outro lado, também exigirá cada vez mais do profissional médico, uma maior interação com seu paciente, um contato mais próximo, e não tão técnico, propiciando uma melhor relação para aqueles profissionais que se destacarem neste contexto, criando inclusive um vínculo muito maior com seus pacientes, gerando credibilidade e confiança.

O grande problema, sob meu ponto de vista, é a confiabilidade da informação, pois também na internet, encontramos informação demais, algumas vezes muito superficial, e outras vezes, sem a clareza necessária para um público que está ansioso por conhecer melhor como retornar para seu estado de "saúde".

Um pouco de minha experiência mostra que neste contexto as sociedades médicas em geral (dentro de cada especialidade médica) tem um papel fundamental na formação e construção de informação de qualidade, com respaldo, ética e isenção para o público em geral, tomando a frente de um processo fundamental de consolidação de conhecimento e credibilidade.

Temos várias amostras neste sentido, com campanhas muito bem estruturadas na sociedade, porém um longo caminho a percorrer.

Um comentário:

  1. Bacana esta informação Claudemir.
    Obrigado por compartilhar.

    Abraços,
    Fábio Reis
    contato@pfarma.com.br
    www.pfarma.com.br

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