quarta-feira, 15 de julho de 2009

Thomson Reuters publica três relatórios Pharma Matters sobre o primeiro trimestre de 2009.

FILADÉLFIA e LONDRES, 1 de julho /PRNewswire/ - A divisão Healthcare & Science (Saúde e Ciência) da Thomson Reuters anunciou hoje a disponibilidade de três relatórios Pharma Matters sobre o período de janeiro a março de 2009. Os relatórios trimestrais Pharma Matters cobrem todos os aspectos dos projetos do setor farmacêutico, utilizando informações estratégicas e análise competitiva do Thomson Pharma(R), Newport Horizon Premium(TM) e Thomson Messaging Mapping System(SM).

Para ficar de olho (The Ones to Watch) - Análise trimestral da Thomson Reuters sobre as últimas mudanças de fase dos projetos do setor farmacêutico, o relatório se baseia nos dados estratégicos e na análise do Thomson Pharma, a solução líder mundial em inteligência competitiva do setor farmacêutico. No relatório que cobre o primeiro trimestre de 2009, com os cinco medicamentos mais promissores lançados ou em aprovação.


Uma análise mais profunda e informações sobre medicamentos que estão entrando nas fases clínicas I, II e III estão disponíveis no relatório completo em

http://thomsonreuters.com/content/PDF/scientific/pharma/2009totw_q1.pdf .

Quem sobe e quem desce (Movers and Shakers) -- Este relatório cobre o setor de genéricos dos EUA, usando dados e análises do Newport Horizon Premium, produto essencial com foco no sistema global de desenvolvimento de negócios. Entre as análises do primeiro trimestre de 2009 estão:

- A maior dificuldade do setor americano de genéricos neste ano é a aprovação de leis biogenéricas favoráveis. Outras dificuldades são a relativa falta de recursos financeiros para inspeções estrangeiras realizadas pela FDA e o orçamento limitado do Escritório de Medicamentos Genéricos dos Estados Unidos (Office of Generic Drugs -- OGD). Atualmente, o OGD está enfrentando um acúmulo de trabalho que chega a até três anos.

- O prazo mediano para a aprovação de ANDAs (solicitações abreviadas de novos medicamentos, na sigla em inglês) aumentou de 18,9 meses em 2007 para 21,1 meses em 2008.

- No primeiro trimestre de 2009, as empresas indianas ficaram em primeiro lugar em aprovações finais de ANDAs, superando os EUA em relação ao trimestre anterior.

- No primeiro trimestre de 2009, o número de contestações de patentes de novos ingredientes ativos ou combinações com base no Parágrafo IV da legislação de patentes americana aumentou para 21 em relação a oito no trimestre anterior. A Telva continua sendo de longe a empresa com o maior número de registros de ANDAs com contestações de patentes.

- A adquirente mais ativa do primeiro trimestre de 2009 foi a Sanofi-aventis, que comprou a Zentiva da República Tcheca por aproximadamente US$ 680 milhões. A Sanofi-aventis também anunciou a aquisição da Laboratorios Kendrick, uma das principais empresas de genéricos do México.

Para saber mais sobre as empresas que estão deixando a sua marca no mercado de genéricos dos EUA, visite

http://thomsonreuters.com/content/PDF/scientific/pharma/2009ms_q1.pdf

e leia o relatório completo.

Quem está fazendo o maior barulho (Who is Making the Biggest Splash?)

- Uma análise especializada da Thomson Reuters sobre as organizações que estão ajudando a dar forma a opiniões profissionais sobre medicamentos e terapias, usando as informações exclusivas do Thomson Message Mapping System. Nesta análise trimestral da literatura científica sobre medicamentos e terapias, a Thomson Reuters avalia a quantidade e a qualidade dos materiais publicados por empresas farmacêuticas, instituições de pesquisa e outros organismos não comerciais.

As cinco principais entre as 15 organizações indicadas como as que causaram o maior impacto como fontes líderes de informações sobre pesquisa médica de janeiro a março de 2009 são:

1. Novartis
2. AstraZeneca
3. Pfizer
4. Bristol-Meyers Squibb
5. GlaxoSmithKline

Para ver toda a lista, além da análise e da metodologia, visite

http://thomsonreuters.com/content/PDF/scientific/pharma/2009wmtbs_q1.pdf

e leia o relatório completo.

Para assinar a série de publicações Pharma Matters da Thomson

Reuters, visite http://scientific.thomsonreuters.com/info/matters/ .

Sobre a Thomson Reuters

A Thomson Reuters é a principal fonte de informações inteligentes para empresas e profissionais de todo o mundo. Combinamos conhecimento do setor com tecnologias inovadoras para proporcionar informações cruciais a importantes tomadores de decisões nos mercados financeiro, jurídico, tributário, contábil, científico, médico e da mídia, com o apoio da organização de notícias mais confiável do mundo. Com sede em Nova York e importantes operações em Londres e Eagan, Minnesota, a Thomson Reuters emprega mais de 50 mil pessoas em 93 países. Para mais informações, visite thomsonreuters.com .

Fonte: Thomson Reuters/PRneswire

Panarello continua nas mãos dos goianos (DIÁRIO DA MANHÃ – GO)

O grupo Panpharma, que controla a Distribuidora Farmacêutica Panarello Ltda., não será mudanças significativas em seu modelo de gestão. Quem garante é Paulo Panarello, que trouxe o grupo alemão Celesio para compartilhar a administração da empresa atacadista brasileira responsável por 17% de market-share em distribuição farmacêutica.

Na semana passada, a imprensa nacional divulgou que a Panarello teria sido adquirida pelo grupo alemão – presente em 14 países e detentor de uma cartela com 38 mil funcionários.

Por sua vez, o grupo de Goiânia teve um faturamento da ordem de R$ 3 bilhões no último ano e emprega cerca de 3,7 mil funcionários. Os jornais especularam que a negociação gira em torno de R$ 400 milhões, mas Panarello diz que uma cláusula contratual impede a divulgação dos valores.

Em entrevista na sede da Panarello, ontem, em Goiânia, Paulo Panarello garantiu que a entrada dos alemães no sistema de gestão não vai interferir no comando do grupo familiar.

Via conferência eletrônica, Alexandre Fabiano Panarello, diretor-geral do grupo que atua em São Paulo e filho do empreendedor, garantiu que o negócio não se resume à compra da parte majoritária.

Não teria ocorrido uma simples “venda” da empresa, mas “aporte para a sustentação de crescimento da companhia”, sustenta Alexandre. Em resumo: os fundadores Paulo e Ester Panarello terão voz ativa no Conselho de Administração. A presidência deste grupo gestor estará nas mãos do filho Alexandre Fabiano, que será o CEO da companhia. Esta conformação foi aceita pelo grupo alemão, oriundo também de um núcleo empresarial familiar.

Paulo Panarello informa ao DM que surgiu enorme confusão no mercado quando jornais divulgaram a venda da empresa sem apresentar informações seguras e parâmetros do que foi, de fato, acertado. “Ocorreu um vazamento pela imprensa, mas sem informações corretas, o que é muito ruim”, diz.

A primeira informação divulgada pela imprensa, ressalta Panarello, é a participação dos alemães na nova conformação da empresa. Ela está correta, mas existe distorção no montante de capital que fica nas mãos da Celesio. A distribuidora alemã terá 50,1% de controle da Panpharma. A imprensa apontou que a Celesio teria 54% dos capitais da distribuidora goiana.

O erro de quase 4% representa alguns milhões de reais que confundem investidores, mercado e causa estranheza nos próprios condutores da negociação, além de funcionários. “A nova empresa será administrada conjuntamente com executivos da Alemanha. Dois portugueses ligados à Celesio estarão no Brasil para representar o grupo”, informa Paulo. “Não vamos precisar nem falar alemão”, brinca.

Atuação

Ele também reafirma a inexistência de qualquer mudança nos comandos gerenciais da empresa. Descarta ainda interesse em executar demissões de funcionários. Por fim, assegura que a Celesio não tem interesse em atuar com redes de farmácias. No Brasil, garante, a entrada alemã será voltada totalmente para a distribuição de medicamentos – o forte do grupo na Europa.

A hipótese de desvio de função empresarial do grupo alemão seria suficiente para provocar concorrentes, gerar boatos e despertar a ira do segmento de farmácias – exatamente o mercado que a Panarello mais precisa, pois depende dele para sua manutenção. O grupo atende 38 mil farmácias no País e é o maior player atacadista deste setor.

Paulo Panarello reafirmou ao DM que não sairá da Panarello. Antes disso: pretende ser um dos principais executivos na nova fase da companhia. Antes de se aposentar, Paulo deseja ocupar mais espaço no mercado brasileiro de distribuição.

Panarello também fez questão de afirmar que o valor pago pela Celesio não entrará nas contas da família, mas da própria empresa. “Muitas pessoas estão ligando: acham que tenho recursos para investir em confecções, rede de padarias, fábrica de parafusos. Ligam e dizem: ‘Paulo, preciso falar com você.’ Mas o fato é que continuamos nesse negócio de distribuição. Essa empresa é minha vida.”

Estratégias agressivas conferiram participação nacional

O grupo Panpharma é composto pelas empresas Distribuidora Farmacêutica Panarello Ltda, Sudestefarma S.A Produtos Farmacêuticos e American Farma Distribuidora Farmacêutica Ltda.

Sua história começou em 1976, mas o grupo encorpou como grande empresa a partir de 1985. As estratégias agressivas de Paulo Panarello fizeram a empresa fincar bandeiras em diversas capitais do País, caso de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre.

Atualmente, o grupo tem 16 centros de distribuição. Com cerca de 400 veículos para dar capilaridade aos medicamentos utilizados no Brasil, o grupo Panarello tem possibilidades de ampliar um mercado em expansão. O Brasil se prepara para viver uma ebulição no mercado de similares e genéricos populares e líderes de mercado que devem perder patentes nos próximos dois anos. Apesar de cobrir 97% do território nacional em potencial de consumo de remédios, a Panpharma pode ainda crescer nos grandes centros do País.

De início, o grupo pretende abrir dois novos armazéns. Apesar da disposição em realizar investimentos com recursos oriundos da venda das ações da empresa, a Panpharma não deseja montar estratégias agressivas que possam irritar a concorrência. Segundo Alexandre Fabiano Panarello, o grupo vai se concentrar no crescimento empresarial dentro do País.

Vocação para fazer negócios

Paulo Panarello é um dos exemplos mais significativos de que o empreendedorismo nasce das dificuldades. Filho de pai eletricista e mãe vendedora de pirulitos, Panarello aprendeu a se virar nas ruas. O pai morreu quando ele tinha 5 anos. Do comércio de doces, ele pulou para a mecânica de automóveis. Desta última, aprendeu a juntar peças de carro.

E delas fez uma frota de táxis. Anos depois, comprou uma grande padaria paulista e, por fim, chegou ao ramo de construção de casas populares.

A distribuição de medicamentos veio por último, mas gerou um sistema capitalista de prestação de serviços que revolucionou o mercado brasileiro. A Panarello não tem um “produto”, mas a garantia de que o medicamento (o produto dos outros) chegará em seus alvos com rapidez e logística – um dos fatores que mais interfere no valor de venda. Em 1976, depois de Panarello abandonar São Paulo, o negócio teve início em Goiânia. Pegou corpo na década seguinte.

Paulo Panarello contou com o apoio da mulher, Ester, e, depois, de extensa rede familiar. O novo negócio começou quando o Laboratório EMS, de São Paulo convidou o neófito da indústria farmacêutica para prestar o serviço de distribuição na região Centro-Oeste.

Depois deste início, Paulo Panarello aprimorou a prestação de serviços em seu segmento. Implantou, por exemplo, o sistema de gestão SAP e a utilização de esteiras robotizadas na separação dos produtos. Por fim, investiu em armazéns climatizados que garantem a qualidade e segurança sanitária dos produtos.

Credibilidade

“Mesmo sendo goiana, empresa familiar, distante dos centros, nós atraímos a Celesio. O uso do SAP nos conferiu credibilidade, por ser instrumento de mais alto nível de governança e gestão no que se refere à tecnologia. É confiável em qualquer lugar do mundo”, diz Alexandre Fabiano Panarello.

Paulo afirma que os números da Panarello são “verdadeiros”. Ele não se refere aos concorrentes, que podem camuflar seus resultados, mas deixa claro que existem “meias verdades” no mercado em que milita: “A empresa alemã queria entrar no Brasil e nos escolheu pela credibilidade. Somos um grande mercado e é claro que eles desejam chegar até aqui.”

A negociação entre Celesio e a família Panarello demorou 18 meses e seguiu à risca contratos que exigiram sigilo. “Tudo que foi dito antes de hoje (ontem) não é 100% verdadeiro”, fala Paulo.

Números

Estrutura do grupo que nasceu na Capital

A empresa tem cerca de 400 veículos, entre próprios e terceirizados, o que inclui aviões e caminhões.

A Panarello leva 1 milhão de caixas de remédios diários pelo País.

A empresa emite 15 mil notas fiscais eletrônicas ao dia.

A Panarello chega a 35 mil farmácias brasileiras.

O Grupo Celesio, que atuará junto aos familiares• da Panarello, está em 14 países.

Especulações do mercado afirmam que o• acordo entre a Panarello e a empresa alemã chegou a um valor entre R$ 300 milhões e R$ 500 milhões.

Especialistas tiram dúvidas sobre riscos envolvendo o paracetamol

Poucas drogas estão tão presentes em nossas vidas quanto o paracetamol, o analgésico encontrado em vários remédios contra resfriado e no Tylenol, para dor de cabeça. Porém, recentemente, um comitê consultivo federal dos EUA levantou preocupações sobre danos ao fígado que podem ocorrer com o uso exagerado de paracetamol. O painel chegou até a recomendar que a FDA (Food and Drug Administration, agência que regula fármacos e alimentos nos Estados Unidos) barre a venda de dois populares remédios com prescrição, o Vicodin e o Percocet, por conterem a substância.

A notícia deixou muitos consumidores confusos e alarmados. Será que o uso regular de paracetamol para alívio da dor pode trazer riscos de longo prazo para o fígado? Para ajudar a esclarecer a confusão, aqui estão algumas perguntas e respostas sobre o tema.

Em primeiro lugar, o que levou o comitê a observar de perto o paracetamol?

Todos os anos, cerca de 400 pessoas morrem e 42 mil são hospitalizadas em decorrência de envenenamentos por paracetamol. Quando usada conforme orientação médica, a droga não é perigosa. No entanto, o paracetamol está presente, hoje, em tantos produtos, que é relativamente fácil que alguém tome uma dose acima do limite diário recomendado, de 4 g.

"Muitas vezes, as pessoas não sabem em que produtos o paracetamol está presente", disse Lewis S. Nelson, médico toxicologista da Univeridade de Nova York e presidente do painel consultivo. "Não é difícil ultrapassar a dose de 4 g. Você toma a dose máxima de paracetamol por causa de uma dor de cabeça. Depois, talvez, você toma um Tylenol PM ou Nyquil, para aliviar uma gripe. Suas costas doem, então você toma Vicodin – pronto, você provavelmente já tomou 7 g de paracetamol."

O que exatamente recomendou o painel de especialistas?

Além da proibição de comercialização do Percocet e do Vicodin, ele solicitou que a FDA diminuísse a dose máxima diária recomendada de paracetamol, dos atuais 4 g, correspondente a aproximadamente 12 comprimidos do Tylenol normal. A nova dose máxima provavelmente será de 2,6 a 3,25 g – ou de oito a dez comprimidos normais.

O painel também recomendou que doses "extra fortes" – equivalentes a dois comprimidos de 500 mg – sejam vendidos somente com receita médica, e que a maior dose disponível sem receita seja limitada a comprimidos de 325 mg. Também foi recomendado que as doses para bebês e crianças sejam padronizadas para evitar erros.

Como precaução, os consumidores deveriam tomar outros tipos de analgésicos vendidos sem receita?

Definitivamente, não. Todas as drogas têm riscos e efeitos colaterais, mas os riscos gerais do paracetamol, para qualquer indivíduo, são baixos. Muito mais pessoas são prejudicadas pelo uso regular de aspirina e ibuprofeno, pertencentes à classe de medicamentos chamados antiinflamatórios não-esteróides (ou AINEs). Segundo estimativas, mais de cem mil americanos são hospitalizados todos os anos, devido a complicações associadas aos AINEs. De 15 a 20 mil pessoas morrem de úlcera e hemorragia interna relacionadas ao uso desse tipo de droga.

Em contrapartida, existem somente cerca de dois mil casos de insuficiência do fígado aguda, e cerca de metade deles está relacionada à toxicidade de drogas. Dos casos induzidos pelas substâncias, 40% se devem ao paracetamol, e metade desses são resultados de overdoses intencionais. "Praticamente todos do painel reconheceram que, de uma perspectiva de saúde pública, o ibuprofeno é muito mais preocupante do que o paracetamol", disse Nelson.

Para usuários do Percocet e do Vicodin, o cenário é mais nebuloso. A dihidrocodeína, o narcótico do Vicodin, não está disponível como droga separada. A oxicodina, o narcótico presente no Percocet, continuará disponível. No entanto, esses ingredientes são rigorosamente controlados, e as receitas podem exigir mais burocracia.

Se eu estou usando um medicamento como o Vicodin, devo me preocupar com riscos de longo prazo ao fígado?

Os riscos associados à overdose de paracetamol são insuficiência do fígado aguda ou imediata, porém não há casos de doenças crônicas. Mesmo se você toma Tylenol ou outras drogas com paracetamol há anos, não existe razão para se preocupar com danos ao fígado no longo prazo, desde que você as tome de acordo com orientação médica. Comparando esse fato com o uso regular dos AINEs, como aspirina e ibuprofeno, podem ocorrer problemas gastrointestinais crônicos, com o tempo.

Uma overdose de paracetamol geralmente não produz sintomas imediatos. Em vez disso, a hepatite induzida pela droga tem probabilidade de se desenvolver dentro de uma semana, levando a perda de apetite, náusea, vômitos, febre e dores abdominais. Urina escura e icterícia (pele e olhos amarelos) sugerem um caso mais grave. Geralmente, o fígado se recupera quando o tratamento com a droga é interrompido, mas muitos pacientes que sofrem de falência hepática aguda podem morrer sem um transplante.

Cerca de 15% dos transplantes de fígado resultam de intoxicação por drogas. Num estudo, 40% dos transplantes de fígado estiveram relacionados ao paracetamol, 8% a drogas contra tuberculose, 7% a tratamentos de epilepsia e 6% a antibióticos.

Qual a principal lição em relação ao paracetamol?

Pelo fato de que a droga está presente em tantos produtos, os consumidores precisam estar atentos e ler os rótulos. Eles devem monitorar a quantidade dessa droga ingerida diariamente.

"Seria uma vergonha se as pessoas, ao lerem essas matérias, tivessem a ideia de que o paracetamol não é seguro", disse Dr. Paul Watkins, diretor do Drug Safety Sciences, do Hamner Institutes, na Universidade da Carolina do Norte. "É totalmente seguro, quando tomado conforme orientação. O problema é que as pessoas acabam tomando muito mais do que o recomendado, sem saber."

Jornalista: Tara Parker-Pope, do ´New York Times´

Farmacêuticos alertam sobre forma de tomar medicamentos (Bom Dia Brasil)

14/07/2009 - Quem está acostumado a partir os remédios ou abrir as cápsulas antes de engolir deve tomar cuidado. Quando isso é feito, a dosagem pode ser alterada e a absorção da substância pelo organismo também.

Assista à reportagem do Bom Dia Brasil no link abaixo (copie o link e "cole" na aba de navegação de seu browser).

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1080339-7823-FARMACEUTICOS+ALERTAM+SOBRE+FORMA+DE+TOMAR+MEDICAMENTOS,00.html

terça-feira, 14 de julho de 2009

Disputa de ativos na área veterinária

14/07/2009 - Quatro dos maiores laboratórios farmacêuticos do mundo deverão concorrer pelos produtos veterinários da Pfizer Inc. e da Merck & Co., num momento que o aumento da receita das drogas de combate a pulgas, de tratamento do câncer canino e vacinas para o gado ultrapassa a gerada pela venda voltada à saúde humana.

A Novartis AG, a Eli Lilly & Co., a Bayer AG e a Boehringer Ingelheim GmbH tentarão comprar as divisões veterinárias da Merck e da Schering-Plough Corp., com um total de US$ 4,27 bilhões em vendas no ano passado, disse Bill Kridel, diretor executivo do Ferghana Partners Group, de Nova York, que assessora empresas em fusões e aquisições. A divisão de produtos animais da Pfizer, com até US$ 400 milhões em vendas, também vai atrair interesse, segundo ele.

Os ativos estão sendo vendidos porque a Pfizer, que está adquirindo a Wyeth, e a Merck, compradora da Schering-Plough, receberam parecer das autoridades reguladoras de que as aquisições as tornam exageradamente dominantes no mercado de produtos veterinários. As vendas de medicamentos para humanos cresceram 1,3%, para US$ 291 bilhões, no ano passado, segundo a IMS Health Inc. Esse percentual deve ser comparado à expansão de 7,2%, para US$ 19,2 bilhões, para medicamentos de uso animal, segundo a empresa de pesquisa britânica Vetnosis Ltd.

As empresas farmacêuticas estão tentando incorporar remédios de uso animal como maneira de ampliar suas áreas de atuação, num momento em que a concorrência dos medicamentos genéricos ameaça suas vendas anuais, de US$ 139 bilhões, de remédios para uso humano até 2012.


Fonte: Bloomberg, de Nova York

Cigarro eletrônico ganha adeptos e polêmicas.

FALL RIVER, Massachusetts - Carolyn Smeaton fuma há 34 anos e já tentou inúmeras maneiras de reduzir seu vício, incluindo adesivos e chicletes de nicotina e um medicamento vendido com receita médica. Mas os artifícios sempre falharam. Ela fumava três maços por dia.

Então ela tentou um cigarro eletrônico, descrito como uma maneira menos perigosa de alimentar sua dependência. O aparelho movido a pilha que ela comprou pela internet lhe fornece uma dose de nicotina e aromatizante, sem odor, alcatrão ou aditivos, e produz uma névoa de vapor de aparência quase idêntica à da fumaça de um cigarro.

"Sinto que isto pode salvar minha vida", disse Smeaton, 47, que reduziu seu consumo de cigarros para um maço e meio por dia, complementado pelo e-cigarro.

O fato de os cigarros eletrônicos virtualmente não terem sido estudados não tem desencorajado milhares de fumantes de comprá-los em lojas e na web. E, como eles não geram poluentes, podem ser usados em restaurantes, aeroportos e escritórios.

A reação das autoridades médicas e dos grupos de combate ao tabagismo tem variado -há desde pedidos por testes até hostilidade total, passando pelo ceticismo. Os adversários do e-cigarro dizem que as alegações sobre a segurança do artefato são mais rumores do que qualquer coisa, já que os componentes do aparelho nunca tiveram sua segurança testada.

Por entre US$ 100 e US$ 150, o usuário pode adquirir o kit inicial, que inclui um cigarro movido a pilhas e cartuchos substituíveis que normalmente contêm nicotina (embora seja possível adquirir cartuchos sem ela), aromatizante e propileno glicol, líquido cuja vaporização produz a névoa semelhante a fumaça. Quando o usuário inala, um sensor aquece o cartucho. Os aromatizantes incluem tabaco, mentol e cereja, e os níveis de nicotina variam segundo o cartucho.

O propileno glicol é usado em anticongelantes e também para criar falsa fumaça ou névoa em produções teatrais. A agência federal dos EUA que regula alimentos e remédios (FDA) o classifica como aditivo "geralmente reconhecido como seguro" para uso na alimentação. Mas, indagado se sua inalação é segura, Richard D. Hurt, diretor do Centro de Dependência de Nicotina da Clínica Mayo, respondeu: "Acho que não, e não sei se alguém sabe ao certo".

Quanto aos próprios cigarros eletrônicos, Hurt acrescentou: "Não sabemos nada sobre eles. Nunca foram testados para averiguar sua segurança ou eficácia no combate à dependência do cigarro".

As vendas e o uso de cigarros eletrônicos já são ilegais em Hong Kong e na Austrália por razões de segurança, e alguns outros países regulamentam o e-cigarro, considerando-o artefato médico, ou proíbem sua publicidade. Até agora, os EUA vem focando apenas impedir sua entrada no país, mas o senador Frank Lautenberg pediu ao FDA que os retire do mercado enquanto não forem testados.

Fonte: Folha de São Paulo
Data: 06/07
Jornalista: Katie Zezima

Dia do propagandista

Eu jamais poderia deixar passar o dia 14 de julho, dia do propagandista, sem nenhuma postagem, pois minha carreira profissional dentro da indústria farmacêutica começou por esta importante função (tal qual a grande maioria que atua neste segmento).

Creio que não poderíamos imaginar o desenvolvimento do mercado farmacêutico sem a presença do propagandista.

Ao longo dos anos a profissão sofreu várias mudanças, passando de propagandista-vendedor-cobrador – PVC (que era responsável pela promoção dos medicamentos, sua venda para as farmácias e também a cobrança das duplicatas) para atualmente um verdadeiro “consultor” dentro da área e dos medicamentos e procedimentos que promove.

Com o crescimento do varejo brasileiro, e a chegada das distribuidoras farmacêuticas, o papel do propagandista ganhou importância como “gerador de demanda”, ou seja, conquistando a confiança e respeito dos médicos visitados, e com isto, a prescrição dos produtos promovidos dentro de suas indicações e vantagens terapêuticas, sempre visando as necessidades do médico para determinada patologia.

A conquista da confiança de médicos passa obrigatoriamente por critérios que vão além do relacionamento propriamente dito, e pela imagem que este profissional consegue construir ao longo de suas visitas (pelo profundo conhecimento do perfil de cada médico, o conhecimento dos produtos de forma aprofundada, dos concorrentes e os diferenciais importantes de seus produtos, de ferramentas de marketing e vendas, informática, etc.).

Pesquisas realizadas com médicos comprovam que o propagandista é uma importante fonte de atualização para os médicos, e que cada vez mais exigem dele uma visita de qualidade, com materiais científicos que vissem aumentar seu conhecimento e não somente a “lembrança de uma marca”.

Não obstante, algumas vezes pode-se imaginar que este relacionamento possa influenciar a escolha do médico, a ponto de favorecer este ou aquele produto em detrimento a outro.

Depois de muitos anos na área farmacêutica, posso dizer que não se iludam com esta falácia, pois o médico enquanto profissional tem sempre em mente que o paciente é seu cliente, e ele precisa escolher o melhor para aquela condição apresentada por ele, e utiliza critérios muito claros, que englobam a eficácia, segurança do produto, nível de experiência do médico quanto a utilizar determinado procedimento ou produto, preço que o paciente pode ou não pagar, enfim, no final, sempre se utiliza o melhor dentro de vários critérios e não somente um deles.

O propagandista sabe muito bem disto, e precisa posicionar seu produto dentro das vantagens que ele possui, buscando através de comprovações, hoje alicerçadas na medicina baseada em evidência que o produto promovido é uma escolha adequada para a necessidade do médico.

Além disto, com a evolução da tecnologia, o aumento da informação, as mudanças atuais no varejo, que exercem direta ou indiretamente cada vez mais influência sobre a decisão de compra, a busca por diferenciação torna-se condição “sine qua non” para o propagandista atualmente.

Logo, quando você estiver em um consultório, e um destes profissionais entrarem para falar com o médico, teoricamente à sua frente, não fique irritado, pois no final, ele poderá estar levando a mensagem de um produto ou procedimento que poderá ser importante para você.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Crescei e multiplicai-vos! Mercado de fertilidade é super atraente...

O negócio de reprodução humana assistida, com técnicas das mais avançadas, expande-se rapidamente no Brasil e já movimenta R$ 300 milhões por ano.

Em uma consulta de rotina, a paciente é orientada pelo ginecologista a iniciar mamografias periódicas, indicadas a partir dos 35 anos. O médico aproveita para perguntar se a mulher, que ainda não tem filhos, já congelou os seus óvulos. Diante da negativa, recomenda o procedimento com urgência, caso tenha planos de maternidade.

Na cena descrita acima, apenas a orientação para o exame de mamografia é praxe atualmente. O aconselhamento sobre congelamento de óvulos no consultório do ginecologista geral, como rotina, representa a nova fronteira a ser ultrapassada pela indústria da reprodução assistida, que vê no aprimoramento da técnica uma forma efetiva de melhorar seus percentuais de sucesso em tratamentos de infertilidade - além de um novo filão de negócios. Se até os 35 anos os índices de gravidez obtidos pelas clínicas são superiores a 50%, após essa idade as chances despencam, por causa da qualidade dos óvulos.

Mesmo sem grandes descobertas ou saltos tecnológicos nos últimos anos - antes da vitrificação de óvulos, a última novidade havia sido a ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozóides), em 1992 -, a medicina reprodutiva vem atraindo cada vez mais casais no Brasil. Já existem pelo menos 120 clínicas especializadas no país, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que monitora as inspeções feitas nos laboratórios. O crescimento do mercado aponta para a realização, este ano, de 20 mil ciclos de fertilização, como são chamadas as tentativas de gravidez, contra 12 mil em 2004. Como um ciclo, incluindo medicamentos, custa em média R$ 15 mil, o negócio da reprodução humana assistida pode ser estimado em R$ 300 milhões ao ano.

O congelamento de óvulos é ainda insignificante dentro desse mercado, embora tenha se tornado assunto nacional ao ser abordado no horário nobre da TV. Na novela "Caminho das Índias", a personagem vivida por Ciça Guimarães defende a prática, adotada por ela própria. Na vida real, a atriz americana Jennifer Aniston também fez o congelamento, antes de completar 40 anos. Embora a propaganda espontânea ajude, os especialistas acreditam que o boom de mulheres solteiras - ou casadas com planos adiados de maternidade - nas clínicas só acontecerá quando a técnica for divulgada pelos ginecologistas. Esses especialistas já começam a ser convidados para palestras e reuniões sobre o assunto.

Ações de "marketing médico" costumam ter efeitos no longo prazo, e o alto preço do tratamento necessário para o congelamento - entre R$ 5 mil e R$ 7 mil - deve inibir mulheres a tomarem uma decisão ainda considerada extrema. Nada que preocupe, porém, clínicas e centros de reprodução, às voltas com o crescimento de seu mercado principal, o de casais inférteis. Estudos internacionais mostram que infertilidade é mais uma ocorrência típica da modernidade, pois aumenta em função de fatores ambientais, como poluição, e estilo de vida. Em média, 10% dos casais em idade fértil (16 aos 38 anos) sofrem dessa incapacidade no mundo inteiro, mas o percentual está crescendo. Para agravar a situação, as mulheres tendem a adiar a decisão de ter filhos, por que preferem trabalhar. A consequência pode ser vista nas salas de espera das clínicas, abarrotadas de casais ansiosos por resultados rápidos.

É na primeira consulta de uma clínica, diante de um casal cheio de expectativas, que o especialista pode indicar o caminho de uma fertilização in vitro, com a necessidade de alguns poucos exames prévios. A "cultura da proveta", porém, é criticada por médicos que defendem processos mais demorados de investigação da infertilidade, tanto no homem como na mulher, assim como procedimentos mais próximos do ciclo natural da reprodução, como a indução da ovulação e a inseminação intra-uterina. "Na década de 1980 criou-se uma cultura imediatista no país, por influência da indústria farmacêutica e interesse de médicos que faziam o marketing da fertilização", acusa Jorge Hallak, coordenador técnico-científico do Núcleo de Pensamento Jurídico em Reprodução Humana e chefe do laboratório de andrologia da Faculdade de Medicina da USP. "Essa cultura se perpetuou e hoje é comum não se fazer o diagnóstico das causas da infertilidade."

Hallak não cita o nome do médico Roger Abdelmassih, indiciado no mês passado por estupro e atentado ao pudor, mas é sabido que a cultura em torno da medicina reprodutiva no Brasil formou-se a partir do sucesso de sua clínica, frequentada por casais famosos. Na última década, no entanto, antes que o especialista enfrentasse na Justiça as denúncias feitas por pacientes, a clínica com o nome de Abdelmassih já enfrentava concorrentes de peso, não só em São Paulo como nas capitais do país, que passaram a ter centros de reprodução de ponta para atender casais que antes viajavam em busca de tratamento.

Uma das clínicas que vêm ampliando suas atividades, também visando pacientes de outros estados, é a Huntington, que atendeu 2.200 casos de infertilidade no ano passado, 20% mais do que em 2007. "O mercado ainda é subaproveitado", diz o diretor Eduardo Motta, calculando que só no estado de São Paulo devem existir 400 mil casais inférteis, número estimado a partir das estatísticas internacionais. Apesar da disseminação das técnicas, que aumentou a concorrência entre clínicas, o preço dos tratamentos não vem caindo de forma significativa, reconhece Motta. "A procura cresce por que o tratamento ficou mais conhecido e mais disponível."

Motta diz que a Huntington já é a maior clínica do Brasil, graças à boa reputação e à estratégia de abrir unidades satélites para atender casos de menor complexidade. Hoje, além da matriz no bairro do Ibirapuera, na capital paulista, a empresa tem instalações no Hospital Santa Joana, nos bairros de Santana e Tatuapé e no município vizinho de Santo André. A estratégia de crescimento fora do estado passa por parcerias com médicos locais, experiência que não seguiu adiante em Vitória e Curitiba, mas que deu certo no Rio de Janeiro, onde já existem duas clínicas afiliadas.

Outra clínica com ambiciosos planos de expansão é a Mater, de São Paulo, que depois de uma filial em São José dos Campos (SP) está construindo a primeira clínica de reprodução humana de Angola. A ideia surgiu a partir da observação dos sócios da Mater de que os angolanos lideravam o "turismo reprodutivo" no Brasil, em que casais estrangeiros desembarcam em busca de tratamento mais barato e com o mesmo reconhecimento técnico da Europa e dos Estados Unidos. "Está surgindo uma classe média importante em Angola e o tratamento ainda não existe por lá. Fizemos uma parceria com um investidor local e estamos montando um pequeno hospital, com um centro de reprodução completo", conta Cristiano Busso, especialista em reprodução e sócio da Mater. Em 2010, quando a unidade Angola for inaugurada, dois médicos da equipe estarão permanentemente no país, revezando-se a cada dois meses.

Se as grandes clínicas estão em processo de expansão, as pequenas tendem a se unir, acredita Artur Dzik, diretor do centro de reprodução humana do Hospital Pérola Byington e também médico integrante do Programa Alfa (Aliança de Laboratórios de Fertilização Assistida). O Alfa surgiu em 2003, a partir da união de quatro grandes laboratórios de reprodução (entre eles, o do Hospital Albert Einstein) e já congrega 45 médicos, que se beneficiam da economia de escala. "Temos vantagens nas negociações com os fornecedores, além de um melhor controle de qualidade, o que eleva a taxa de eficiência dos tratamentos", explica Dzik. "A união seria o caminho natural, não fosse a vaidade dos médicos em ter a própria clínica."

A taxa de sucesso, um dos maiores chamarizes das clínicas, é motivo de controvérsia entre os especialistas. Várias clínicas exibem em seus websites índices considerados irreais, ou que se referem ao resultado obtido entre mulheres mais jovens, minoria entre as pacientes. O foco acentuado na taxa de gravidez e bebês nascidos, que agrada os casais mais pragmáticos, é também questionada do ponto de vista ético. Dependendo da linha de conduta do médico, os tratamentos podem ser mais ou menos prolongados, de acordo com a tecnologia aplicada. "Há uso exagerado da micromanipulação (técnica ICSI), por causa da ansiedade de se evitar os 5% dos casos em que a fertilização não ocorre naturalmente", diz Dzik. Em ambas as técnicas, a fertilização acontece in vitro. A diferença está na escolha e na introdução do espermatozóide no óvulo.

"Não vejo superindicação da ICSI", diz Motta, da Huntington. "Os casais que procuram as clínicas querem menos academicismo e mais resultado." Outra questão que divide os especialistas em reprodução é a do diagnóstico genético pré-implantacional, uma biópsia que pode ser feita no embrião antes de sua introdução no útero. Oficialmente, a técnica é recomendada apenas em casos de suspeita de algumas doenças genéticas, pois envolve a manipulação dos embriões. Na prática, é usada para se fazer a seleção do sexo - prática condenada por resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM). Custa, em média, R$ 4 mil. Como a resolução do CFM data de 1992, e já é considerada ultrapassada em relação ao número máximo de embriões a serem implantados (quatro, quantidade exagerada em função da evolução das técnicas de seleção), algumas clínicas questionam as determinações, que não têm efeito de lei.

"Todo dia recebo um e-mail perguntando se fazemos sexagem", diz Busso, da Mater. "É um mercado tentador, mas a nossa postura é de seguir o CFM". Outro título comum na caixa postal do médico costuma ser: "Alugo minha barriga." Trata-se também de prática condenada no Brasil pelo Conselho, que admite apenas a cessão temporária do útero, sem compensação econômica, para parentes até segundo grau. "Temos na clínica uma paciente sem parentes, mas com uma amiga que quer ceder o útero, e enviamos uma consulta ao CFM", conta Busso, entendendo que os e-mails podem significar a disseminação das práticas, já que não existe fiscalização.

A única inspeção, feita pelos serviços de vigilância sanitária estaduais e municipais, e monitorada pela Anvisa, diz respeito às normas de manipulação de células e tecidos nos laboratórios dos centros de reprodução. "Fizemos uma regulamentação sanitária sem o respaldo de uma lei sobre reprodução assistida no país", diz Geni Neumann, gerente de Células, Tecidos e Órgãos da Anvisa. Ela admite que técnicos já detectaram, por exemplo, a prática de sexagem em laboratórios. "A discussão agora tem que ser mais de natureza ética do que sanitária, tem que incluir a sociedade."

O temor de que alguma lei muito restritiva seja aprovada, como sinalizaram projetos já apresentados no Congresso Nacional, acaba por adiar as discussões sobre o assunto nas entidades representativas. Mas o Núcleo de Pensamento Jurídico em Reprodução Humana, que reúne profissionais da USP e do Mackenzie, está elaborando uma proposta de normatização de conduta, segundo Jorge Hallak. "Atualmente, as condutas dependem do caráter ético e moral de cada profissional. Como os pacientes são imediatistas e a mídia só divulga os aspectos tecnológicos, está havendo uma banalização da proveta", diz o médico, que é contra a orientação para mulheres congelarem seus óvulos. "Acho um absurdo."

Para a "indústria" da reprodução assistida, o futuro está vinculado aos avanços tecnológicos, especialmente à vitrificação dos óvulos. "A técnica progrediu de forma espantosa", afirma Dzik. "As mulheres produzem seus melhores óvulos entre 20 e 30 anos, quando muitas vezes nem saíram da casa dos pais. O congelamento é uma forma de preservarem sua fertilidade." Eduardo Motta vai mais longe na empolgação com a tecnologia, e acredita que as clínicas vão atrair, em breve, casais férteis que preferem embriões selecionados em laboratório, livres de novas doenças que serão detectáveis, em vez do método natural de concepção. "As pessoas querem filhos saudáveis."

(Valor Econômico )
Jornalista: Marta Barcellos

Ministro promete na SBPC destravar a ciência no Brasil

13/07/2009 - Declaração foi dada em Manaus, na cerimônia de abertura da reunião anual da entidade científica

O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, voltou a prometer que vai acabar com a burocracia na ciência brasileira. A promessa foi feita ontem à noite, em Manaus, na abertura da 61ª Reunião Anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).

Desde o mês passado o governo trabalha com um documento entregue pela própria SBPC para o presidente Lula. Há anos a entidade reclama da dificuldade de importar material para pesquisa, inclusive reagentes, e de coletar espécimes de fauna e flora para pesquisa.

"Teremos novidades sobre isso nas próximas semanas", disse Rezende, que fará palestre hoje na SBPC. Há pelo menos dois anos o governo vem prometendo desburocratizar a importação e o acesso a recursos genéticos, mas, segundo os cientistas, nada mudou.

Segundo o ministro, a burocracia virou oficial num período em que não havia muitos recursos para fazer ciência no Brasil. "O pessoal das nossas agências acabava examinando demais cada um dos processos", afirmou o ministro.

Amazônia

Esta é a primeira vez que o maior encontro científico do país se realiza no Amazonas. A cerimônia de abertura ocorreu em praça pública.

O homenageado no evento foi o geneticista Warwick Kerr, fundador do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), que não compareceu por problemas de saúde.
Presente à abertura, o governador Eduardo Braga (PMDB), relacionou a Copa do Mundo de 2014 ao evento, dizendo que Manaus foi escolhida como cidade-sede por causa "da ciência, da floresta e da tecnologia".

(Folha de S.Paulo)
Jornalista: EDUARDO GERAQUE

Remédio faz aumentar expectativa de vida em ratos

Uma droga promissora apareceu na área dos medicamentos que adiam o envelhecimento. Os resultados, por enquanto, foram obtidos apenas em animais de laboratório, mas a substância poderá ser testada em humanos. O medicamento é um antibiótico - a rapamicina - usado para suprimir o sistema imunológico em pacientes submetidos a transplante e no tratamento de certos tipos de câncer.

O tratamento com rapamicina teve o notável efeito de estender a duração da vida (mesmo sem começar na dosagem correta) até o ratinho viver 600 dias - o equivalente a 60 anos em um ser humano.

A maior parte das intervenções que prolongam a vida dos ratos, como uma dieta com baixíssimas calorias, precisa começar no início da vida do animal para mostrar algum efeito.

AUTOMEDICAÇÃO

Especialistas advertem que as pessoas não devem tomar o medicamento por conta própria. Ninguém sabe ainda se a rapamicina reduz o ritmo do envelhecimento nas pessoas e em que dose pode ser eficiente.

E, principalmente, não se deve brincar com uma droga que suprime o sistema imunológico. A informação da descoberta foi publicada anteontem, na versão digital da revista científica Nature, por pesquisadores de três instituições que trabalham paralelamente.

As equipes são chefiadas por David Harrison, do Laboratório Jackson, um centro de criação de camundongos em Bar Harbor, Maine; Richard Miller, da Universidade de Michigan; e Randy Strong, do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Texas.

Os pesquisadores ainda não sabem de que maneira a rapamicina consegue produzir seu efeito contra o envelhecimento.

Os dados descobertos até agora nas pesquisas sobre a ação da droga indicam que ela deveria apenas deter o desenvolvimento de tumores, mas não adiar o processo de envelhecimento em geral.

As três equipes foram patrocinadas pelo Instituto Nacional de Envelhecimento como parte de um programa que testa possíveis medicamentos contra o envelhecimento com grande rigor científico.

"Um dos segredos desagradáveis deste campo é que a maioria das experiências sobre longevidade dos camundongos é realizada apenas uma vez em laboratório, em um único contexto genético", disse Steven Austad, especialista em envelhecimento do Centro de Ciências da Saúde, da Universidade do Texas, que não participa da pesquisa.

(O Estado de S.Paulo)

Aporte de recursos vai capitalizar a Panarello

Jornalista: André Vieira


13/07/2009 - O aporte de recursos do grupo alemão Celesio - via aumento de capital - na Panpharma será destinado exclusivamente para a capitalização da maior distribuidora de medicamentos do país, garantiu Alexandre Panarello, de 32 anos, novo presidente do grupo. "A intenção é consolidar a liderança e elevar o crescimento da empresa."

Depois da conclusão, durante a semana passada, do "due dilligence", o grupo alemão Celesio anunciou na sexta-feira a aquisição de 50,1% das ações da Panpharma, que inclui as distribuidoras Panarello, American Farma e Sudeste Farma. Juntas, elas possuem 17% de participação do mercado atacadista de medicamentos com vendas líquidas de R$ 3 bilhões em 2008. A Panpharma, criada em Goiás em 1975 e que cresceu com generosos incentivos fiscais, alegou confidencialidade do valor da negociação. Estima-se um aporte de ao redor de R$ 400 milhões, segundo apurou o Valor. A intenção inicial era adquirir 54% das ações.

Segundo Panarello, o grupo alemão procurou a empresa no início de 2008 em busca de oportunidade de crescimento no Brasil. "A família achou a proposta interessante porque permite uma gestão compartilhada." A Celesio atua em 14 países, como Alemanha, França e Portugal, com vendas de € 21,8 bilhões em 2008. Para Panarello, os modelos de gestão da Celesio encontrados em vários desses países preservam a gestão e a cultura local da empresa.

A família brasileira continuará na gestão, além de deter assentos no conselho de administração da distribuidora - seu fundador Paulo Panarello Neto, de 59 anos, será o presidente do "board". Executivos da Celesio vindo das operações do grupo alemão em Portugal ocuparão dois dos sete cargos de direção, supervisionando as áreas operacionais, tecnológicas e de logística. O acordo de acionistas é por prazo indeterminado, mas os alemães têm a opção de comprar o restante das ações.

Panarello descartou com veemência o ingresso da distribuidora no varejo farmacêutico - a Celesio possui 2,3 mil farmácias em alguns países da Europa, atuando tanto no atacado como na venda ao consumidor. "O modelo brasileiro é diferente. Não posso competir com a minha fonte de receita", disse, acrescentando não temer a concorrência das redes de drogarias nem do ingresso maior dos supermercados nas relações com a indústria farmacêutica. "Esse processo é muito incipiente, e a dimensão continental do Brasil dificulta muito isso."

Com a Celesio, Panarello quis também enfatizar as mudanças no setor com ações que "banalizam a informalidade e geram maior transparência" como a adoção da nota fiscal eletrônica e do modelo de substituição tributária em São Paulo. (AV)

(Valor Econômico)

Natureza é fonte cobiçada de drogas e cosméticos

12/07/2009 - Uma das grandes promessas não cumpridas da ciência brasileira sobre a biodiversidade da Amazônia é a descoberta de moléculas terapêuticas na natureza. Apesar do vasto conhecimento tradicional disponível sobre o uso de ervas e outras substâncias medicinais da floresta, o País nunca desenvolveu um medicamento com base na fauna e flora local.

As possibilidades, segundo os pesquisadores, são imensas. Cerca de metade das drogas desenvolvidas até hoje no mundo ou utilizam ou são derivadas de produtos naturais. Entre elas a morfina, a aspirina, a penicilina, outros vários antibióticos e medicamentos antitumorais.

Em um estudo publicado na última quinta-feira na revista Nature, cientistas americanos mostraram que a droga rapamicina, usada como agente imunossupressor (para evitar a rejeição de órgãos), pode também aumentar a expectativa de vida de camundongos. Efeito semelhante já havia sido observado em vermes, fungos e moscas, mas nunca em mamíferos. Com um detalhe importante: a rapamicina foi descoberta em uma bactéria de solo da Ilha de Páscoa, nos anos 70.

Entre 2005 e 2007, foram aprovadas nos Estados Unidos 13 drogas derivadas de produtos naturais, segundo um artigo publicado na última edição da revista Science. Apesar de um declínio no interesse da indústria farmacêutica sobre esse tipo de pesquisa nos últimos 15 anos, os autores acreditam que as novas tecnologias de prospecção genômica que estão surgindo vão facilitar a descoberta de mais moléculas terapêuticas no futuro. "Os recursos (de produtos naturais) são tão vastos que parecem ilimitados", escrevem os cientistas, do Departamento de Química da Universidade de Alberta, no Canadá.

BELEZA NATURAL

Enquanto os "biomedicamentos" não chegam, os Estados da Amazônia miram seus investimentos em um alvo mais simples: os "biocosméticos". Uma parceria lançada em maio pelas instituições de fomento à ciência do Amazonas, Pará, Maranhão, Acre e Tocantins vai financiar projetos de pesquisa aplicada ao desenvolvimento de cosméticos derivados da biodiversidade.

O primeiro edital da Rede Amazônia de Pesquisa e Desenvolvimento de Biocosméticos (Redebio) é de R$ 6,3 milhões, com foco em quatro produtos: copaíba, andiroba, castanha e babaçu. "São produtos que já estão no mercado, mas não têm certificação, não têm competitividade", diz o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará (Fapespa), Ubiratan Bezerra.

Ele enfatiza que a rede vai trabalhar em forte sincronia com a indústria. "O objetivo não é fazer pesquisa acadêmica, é transferir tecnologia", diz. "Se a pesquisa não chegar às empresas, a rede não faz sentido." H.E.


(O Estado de S.Paulo)