FALL RIVER, Massachusetts - Carolyn Smeaton fuma há 34 anos e já tentou inúmeras maneiras de reduzir seu vício, incluindo adesivos e chicletes de nicotina e um medicamento vendido com receita médica. Mas os artifícios sempre falharam. Ela fumava três maços por dia.
Então ela tentou um cigarro eletrônico, descrito como uma maneira menos perigosa de alimentar sua dependência. O aparelho movido a pilha que ela comprou pela internet lhe fornece uma dose de nicotina e aromatizante, sem odor, alcatrão ou aditivos, e produz uma névoa de vapor de aparência quase idêntica à da fumaça de um cigarro.
"Sinto que isto pode salvar minha vida", disse Smeaton, 47, que reduziu seu consumo de cigarros para um maço e meio por dia, complementado pelo e-cigarro.
O fato de os cigarros eletrônicos virtualmente não terem sido estudados não tem desencorajado milhares de fumantes de comprá-los em lojas e na web. E, como eles não geram poluentes, podem ser usados em restaurantes, aeroportos e escritórios.
A reação das autoridades médicas e dos grupos de combate ao tabagismo tem variado -há desde pedidos por testes até hostilidade total, passando pelo ceticismo. Os adversários do e-cigarro dizem que as alegações sobre a segurança do artefato são mais rumores do que qualquer coisa, já que os componentes do aparelho nunca tiveram sua segurança testada.
Por entre US$ 100 e US$ 150, o usuário pode adquirir o kit inicial, que inclui um cigarro movido a pilhas e cartuchos substituíveis que normalmente contêm nicotina (embora seja possível adquirir cartuchos sem ela), aromatizante e propileno glicol, líquido cuja vaporização produz a névoa semelhante a fumaça. Quando o usuário inala, um sensor aquece o cartucho. Os aromatizantes incluem tabaco, mentol e cereja, e os níveis de nicotina variam segundo o cartucho.
O propileno glicol é usado em anticongelantes e também para criar falsa fumaça ou névoa em produções teatrais. A agência federal dos EUA que regula alimentos e remédios (FDA) o classifica como aditivo "geralmente reconhecido como seguro" para uso na alimentação. Mas, indagado se sua inalação é segura, Richard D. Hurt, diretor do Centro de Dependência de Nicotina da Clínica Mayo, respondeu: "Acho que não, e não sei se alguém sabe ao certo".
Quanto aos próprios cigarros eletrônicos, Hurt acrescentou: "Não sabemos nada sobre eles. Nunca foram testados para averiguar sua segurança ou eficácia no combate à dependência do cigarro".
As vendas e o uso de cigarros eletrônicos já são ilegais em Hong Kong e na Austrália por razões de segurança, e alguns outros países regulamentam o e-cigarro, considerando-o artefato médico, ou proíbem sua publicidade. Até agora, os EUA vem focando apenas impedir sua entrada no país, mas o senador Frank Lautenberg pediu ao FDA que os retire do mercado enquanto não forem testados.
Fonte: Folha de São Paulo
Data: 06/07
Jornalista: Katie Zezima
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