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sexta-feira, 2 de outubro de 2009
A Selva do planejamento estratégico - venham conhecer!

Hypermarcas paga R$ 300 milhões pelas fraldas Pom Pom
O valor do negócio deverá ser confirmado em dois meses, prazo para que se encerrem os procedimentos de auditoria.
Claudio Bergamo, presidente da Hypermarcas, diz que a operação reforça o plano traçado para o dinheiro captado na oferta, de promover crescimento em mercados complementares aos seus negócios. Estão no radar companhias com faturamento entre R$ 50 milhões e R$ 300 milhões. A Pom Pom, com faturamento anualizado de R$ 250 milhões, com base nos resultados do primeiro semestre, fica perto do topo dessa escala, portanto.
No início de setembro, a Hypermarcas comprou, por R$ 25 milhões, a Hydrogen, que selou o seu ingresso em produtos infantis e juvenis, com itens como talcos e xampus.
O executivo destaca que o segmento de descartáveis é hoje o maior no ramo de higiene pessoal no país, com faturamento de mais de R$ 4 bilhões por ano, e que lida com produtos de alto valor agregado.
"O potencial de crescimento é muito grande e acreditamos na aceleração ainda maior nos próximos anos por conta da retomada da atividade econômica, que impulsionará a renda", diz Bergamo. "No lado das fraldas geriátricas, a alta deve ser puxada pelo envelhecimento populacional. No caso infantil, consumidores que não tinham acesso a esses produtos passarão a ter", diz.
A BigFral tem 40% de participação de participação em seu nicho. No segmento geriátrico, embora haja falta de dados consolidados, fabricantes do setor estimam um crescimento de vendas da ordem de 40% nos próximos cinco anos.
Já nas fraldas infantis, a Pom Pom tem fatia de 4% no mercado brasileiro e de 9% apenas na cidade de São Paulo. A linha infantil de sabonetes e talco Pompom, entretanto, não pertence à companhia, mas sim à Colgate-Palmolive.
Bergamo, da Hypermarcas, diz acreditar que, em função da sua rede de clientes, terá condições de melhorar a distribuição nacional dos itens da Pom Pom.
Na aquisição, a Hypermarcas pagará 40% dos R$ 300 milhões à vista e o restante será parcelado.
A oferta de ações realizada em julho pela empresa somou R$ 793,5 milhões e deste total cerca de R$ 560 milhões ficaram na empresa - o restante foi para o bolso dos acionistas vendedores na operação.
Antes da captação, entretanto, a empresa possuía R$ 320 milhões em caixa - ou seja, iniciou o segundo semestre com quase R$ 900 milhões para gastar. Como nos negócios anunciados paga parte à vista e parte parcelado, ainda possui grande quantidade de de recursos em caixa para orquestrar novas compras.
E a Hypermarcas possui aquisições em vista, "como sempre", destacou Bergamo.
A Pom Pom é a terceira maior transação já anunciada pela empresa - atrás de Farmasa, fechada em junho de 2008 pelo valor de R$ 873,4 milhões, e do grupo Niasi, comprado em outubro passado, por R$ 328,4 milhões.
Bergamo conta que o fato de a empresa estar cumprindo à risca os planos divulgados aos investidores tem contribuído para o melhor desempenho de seus papéis. Ele também destaca a grande capacidade de absorver os novos negócios.
Valor Econômico
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Projeto de farmacêutica gigante não decola
O sonho do governo brasileiro de criar uma "superfarma", uma grande indústria farmacêutica para competir globalmente, está ficando cada vez mais distante. Fortalecida desde a criação da lei dos genéricos e exibindo taxas de crescimento acima de dois dígitos, a indústria nacional virou alvo das gigantes multinacionais.
O Laboratório Medley foi vendido para a francesa Sanofi-Aventis e, nas próximas semanas, a americana Pfizer deve concretizar a compra da Neo Química.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) preferia ver as duas empresas nas mãos de um dos três maiores e mais sólidos laboratórios nacionais: Aché, Eurofarma ou EMS.
Ou que houvesse alguma fusão entre os três.
O chefe do Departamento de Produtos Intermediários, Químicos e Farmacêuticos do BNDES, Pedro Palmeira, admite que é um desejo do banco ter "uma empresa farmacêutica forte, que pudesse aspirar ser um competidor global".
"Há alguns anos, se falássemos que o Brasil iria competir com líderes da indústria aeronáutica mundial, a gente ouviria risada. Hoje, isso virou realidade. Por que não aspirar o mesmo no setor farmacêutico?"
Segundo Palmeira, o governo tem interesse estratégico em fomentar o setor por ele ser intensivo em conhecimento e tecnologia. "Nos Estados Unidos, depois do segmento de defesa, o maior investimento governamental é na indústria farmacêutica.
E esse setor vai ter um papel fundamental no sentido de permitir que os países em desenvolvimento alcancem os desenvolvidos em termos de conhecimento tecnológico."
Entretanto, a demanda por recursos está aquém da disposição do banco de emprestar. Desde 2004, quando foi criado o Profarma, até agosto deste ano, os financiamentos do BNDES para o setor somam R$ 1,3 bilhão, dos quais R$ 1,1 bilhão já foi contratado.
Há dois anos, a intenção do banco era alcançar uma carteira de R$ 2 bilhões até meados de 2008.
O programa oferece linhas especiais para investimentos em inovação, exportação, ampliação de instalações industriais e para fusões e aquisições.
"A inovação depende de tempo para acontecer e essa trajetória só será realizada em nosso País por companhias de capital nacional", afirma Palmeira. "Por isso, nossa visão de que uma farmacêutica com musculatura financeira seria bem-vinda."
Desde o início do programa, o banco só financiou duas operações de aquisição: a da Biosintética pelo Aché e da Barenne pela Farmasa. E, entre os três grandes laboratórios nacionais, não existe nem sinal de conversa.
Mas, se serve de consolo, EMS, Aché e Eurofarma dificilmente serão desnacionalizados, ao menos no curto prazo.
Não por falta de oferta, mas porque seus donos são muito comprometidos com o negócio e não querem vender. "Será que vale mais à pena vender a empresa e colocar o dinheiro no CDI ou se manter em um negócio que cresce 18%", afirma José Ricardo Mendes da Silva, diretor presidente do Aché, empresa que fatura R$ 1 bilhão
O Estado de São Paulo
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Abbott compra unidade farmacêutica da Solvay por US$ 7 bi
A Abbott Laboratories fechou acordo para comprar a divisão de farmacêuticos do conglomerado belga Solvay por cerca de € 4,8 bilhões (US$ 7 bilhões), em mais um sinal de consolidação da indústria farmacêutica.
O acordo é totalmente em dinheiro e pode ser anunciado hoje, disseram pessoas familiarizadas com a questão. Segundo uma delas, a Abbott pagará € 4,5 bilhões agora e pode pagar mais € 300 milhões entre 2011 e 2013 se a divisão alcançar certas metas.
A Abbott considera a Solvay como uma maneira de se expandir para mercados emergentes na Ásia e na Europa Oriental, onde tem pouca presença, ao mesmo tempo em que ganha novos remédios contra colesterol, hipertensão e mal de Parkinson. É a maior aquisição da Abbott desde 2002.
O acordo também dá à Abbott controle total sobre dois remédios para colesterol e triglicerídeos que ela já comercializa em conjunto com a Solvay - o Tricor e o Trilipix.
A Solvay também vende tratamentos hormonais e tem uma pequena operação de vacina contra a gripe - uma área aquecida na indústria farmacêutica devido às preocupações crescentes com possíveis pandemias. Num comunicado à imprensa em setembro, a Solvay informou que começou a produzir pequenas remessas da vacina para o vírus da gripe A/H1N1 e planeja começar a testá-la. A Abbott pode ter a esperança de aumentar o investimento nesse negócio para aproveitar a demanda de muitos países por uma vacina contra o novo vírus, embora ainda não esteja claro qual é a rapidez com que as fábricas da Solvay podem produzir a vacina em grandes quantidades.
A Abbott pagará pela aquisição com recursos que já tem e não precisará obter qualquer outro financiamento, disse uma pessoa familiarizada com a questão.
Para a Solvay, a venda permitirá que ela diminua seu foco e invista mais em duas ou três áreas em que já obtém mais faturamento, como químicos e plásticos.
Analistas dizem que a Abbott precisa diminuir a dependência do Humira, remédio para artrite reumatóide que faturou US$ 4,5 bilhões só no ano passado, correspondendo a 15% do lucro líquido da farmacêutica.
Mesmo em meio a uma desaceleração nas fusões e aquisições no último ano, houve uma onda de acordos entre farmacêuticas, liderada pela aquisição da Wyeth pela Pfizer por cerca de US$ 62 bilhões e o acordo de cerca de US$ 41 bilhões da Merck para comprar a Schering-Plough Corp. As farmacêuticas estão com o caixa cheio e buscam novos produtos para compensar os remédios que vêm perdendo a patente ou as vendas para os genéricos.
O valor da aquisição é uma ótima notícia para os acionistas da Solvay. A ação já subiu 42% desde que a empresa anunciou que estudava vender a divisão, em 1º de abril, e fechou sexta-feira em € 74,73 na Bolsa de Bruxelas.
A Abbott venceu a farmacêutica suíça Nycomed, que tentava há meses comprar a divisão de remédios da Solvay. A Nycomed, controlada por companhias de private equity, era considerada a favorita até a Abbott surgir mais forte nas últimas semanas.
Na falta de concorrentes, a Nycomed andou resistindo a aumentar a oferta para os € 5 bilhões pedidos pela Solvay e, num determinado momento, chegou a baixar a oferta para menos de € 4 bilhões, segundo uma pessoa a par da questão. Sua oferta final ficou bem abaixo da oferta da Abbott, disse outra pessoa.
Para a Nycomed, o mais recente fracasso de suas tentativas de fazer uma aquisição foi o segundo este ano. A empresa já tinha sondado discretamente este ano vários possíveis compradores para ela, sem sucesso. Quando a divisão farmacêutica da Solvay foi posta à venda, criou para a Nycomed a oportunidade de crescer antes de uma possível abertura de capital.
O banco de investimentos do Barclays prestou consultoria à Abbot na aquisição; Morgan Stanley, Citigroup e NM Rothschild & Sons Ltd. assessoraram a Solvay. (Colaborou Jonathan Rockoff)
(Valor Econômico)