A Abbott Laboratories fechou acordo para comprar a divisão de farmacêuticos do conglomerado belga Solvay por cerca de € 4,8 bilhões (US$ 7 bilhões), em mais um sinal de consolidação da indústria farmacêutica.
O acordo é totalmente em dinheiro e pode ser anunciado hoje, disseram pessoas familiarizadas com a questão. Segundo uma delas, a Abbott pagará € 4,5 bilhões agora e pode pagar mais € 300 milhões entre 2011 e 2013 se a divisão alcançar certas metas.
A Abbott considera a Solvay como uma maneira de se expandir para mercados emergentes na Ásia e na Europa Oriental, onde tem pouca presença, ao mesmo tempo em que ganha novos remédios contra colesterol, hipertensão e mal de Parkinson. É a maior aquisição da Abbott desde 2002.
O acordo também dá à Abbott controle total sobre dois remédios para colesterol e triglicerídeos que ela já comercializa em conjunto com a Solvay - o Tricor e o Trilipix.
A Solvay também vende tratamentos hormonais e tem uma pequena operação de vacina contra a gripe - uma área aquecida na indústria farmacêutica devido às preocupações crescentes com possíveis pandemias. Num comunicado à imprensa em setembro, a Solvay informou que começou a produzir pequenas remessas da vacina para o vírus da gripe A/H1N1 e planeja começar a testá-la. A Abbott pode ter a esperança de aumentar o investimento nesse negócio para aproveitar a demanda de muitos países por uma vacina contra o novo vírus, embora ainda não esteja claro qual é a rapidez com que as fábricas da Solvay podem produzir a vacina em grandes quantidades.
A Abbott pagará pela aquisição com recursos que já tem e não precisará obter qualquer outro financiamento, disse uma pessoa familiarizada com a questão.
Para a Solvay, a venda permitirá que ela diminua seu foco e invista mais em duas ou três áreas em que já obtém mais faturamento, como químicos e plásticos.
Analistas dizem que a Abbott precisa diminuir a dependência do Humira, remédio para artrite reumatóide que faturou US$ 4,5 bilhões só no ano passado, correspondendo a 15% do lucro líquido da farmacêutica.
Mesmo em meio a uma desaceleração nas fusões e aquisições no último ano, houve uma onda de acordos entre farmacêuticas, liderada pela aquisição da Wyeth pela Pfizer por cerca de US$ 62 bilhões e o acordo de cerca de US$ 41 bilhões da Merck para comprar a Schering-Plough Corp. As farmacêuticas estão com o caixa cheio e buscam novos produtos para compensar os remédios que vêm perdendo a patente ou as vendas para os genéricos.
O valor da aquisição é uma ótima notícia para os acionistas da Solvay. A ação já subiu 42% desde que a empresa anunciou que estudava vender a divisão, em 1º de abril, e fechou sexta-feira em € 74,73 na Bolsa de Bruxelas.
A Abbott venceu a farmacêutica suíça Nycomed, que tentava há meses comprar a divisão de remédios da Solvay. A Nycomed, controlada por companhias de private equity, era considerada a favorita até a Abbott surgir mais forte nas últimas semanas.
Na falta de concorrentes, a Nycomed andou resistindo a aumentar a oferta para os € 5 bilhões pedidos pela Solvay e, num determinado momento, chegou a baixar a oferta para menos de € 4 bilhões, segundo uma pessoa a par da questão. Sua oferta final ficou bem abaixo da oferta da Abbott, disse outra pessoa.
Para a Nycomed, o mais recente fracasso de suas tentativas de fazer uma aquisição foi o segundo este ano. A empresa já tinha sondado discretamente este ano vários possíveis compradores para ela, sem sucesso. Quando a divisão farmacêutica da Solvay foi posta à venda, criou para a Nycomed a oportunidade de crescer antes de uma possível abertura de capital.
O banco de investimentos do Barclays prestou consultoria à Abbot na aquisição; Morgan Stanley, Citigroup e NM Rothschild & Sons Ltd. assessoraram a Solvay. (Colaborou Jonathan Rockoff)
(Valor Econômico)
Nenhum comentário:
Postar um comentário