A Procter & Gamble voltou a direcionar o foco a seus negócios principais e acertou, ontem, a venda de sua divisão farmacêutica para o laboratório irlandês Warner Chilcott por US$ 3,1 bilhões.
No Brasil, a P&G não vende remédios que precisam de prescrição médica. Os produtos farmacêuticos comercializados no mercado brasileiro - linhas Vick, Hipoglós e Metamucil - não pertencem à divisão vendida ontem.
A transação, que será financiada com títulos de dívidas, encerrará as atividades da P&G no setor de medicamentos, altamente competitivo, e triplicará o tamanho da Warner Chilcott, voltada a produtos farmacêuticos para mulheres e dermatologia.
A venda chega depois da revisão estratégica anunciada em dezembro, quando a P&G avaliou se continuaria com as operações, se faria alianças ou se venderia a unidade farmacêutica, em meio ao que a empresa chamou de "um dos cenários macroeconômicos mais difíceis em décadas".
O acordo segue-se ao aumento dos investimentos de vários laboratórios farmacêuticos, como GlaxoSmithKline e Novartis, em produtos de cuidados com a saúde vendidos sem receita médica, como forma de diversificar-se e proteger-se das incertezas com o desenvolvimento de novas drogas e o vencimento de patentes de alguns de seus produtos.
O preço de venda representou um múltiplo relativamente baixo dos resultados da unidade e refletiu a "vida finita das patentes" das operações vendidas, segundo o diretor de finanças da P&G, Jon Moeller, disse a analistas.
No ano encerrado em 30 de junho, a empresa teve lucro líquido de US$ 540 milhões e vendas de US$ 2,3 bilhões com a divisão farmacêutica.O acordo foi "atrativo" aos acionistas e proporcionam mais financiamento para futuros investimentos, pagamentos de dividendos e recompras de ações. A venda trará lucro, incluindo itens excepcionais, de US$ 1,4 bilhão, depois de impostos no ano fiscal de 2010.
"A aquisição transforma a Warner Chilcott em uma companhia farmacêutica global", disse o CEO da Warner Chilcott, Roger Boissonneault. Permitirá à Warner Chilcott, que divulgou lucro líquido de US$ 364 milhões e vendas de US$ 938 milhões em 2008, expandir-se nos Estados Unidos e incrementar sua linha de remédios de urologia graças às drogas para tratar bexiga, colite e osteoporose.
O acordo deverá ser completado em 1º de novembro. A maioria dos 2,3 mil funcionários da unidade farmacêutica da P&G deverá ser transferida à Warner Chilcott.
A Procter & Gamble foi assessorada na transação pelo banco Goldman Sachs e trabalhou com advogados da Covington & Burling. A Warner Chilcott teve assessoria do Morgan Stanley e JPMorgan e da banca de advocacia Davis Polk & Wardwell.
Valor Econômico
Nenhum comentário:
Postar um comentário