segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Remédios sob medida


Nenhum outro setor passou nos últimos meses por um movimento tão intenso de fusões quanto o farmacêutico. Desde janeiro, três grandes negócios foram finalizados. As aquisições da Wyeth pela Pfizer, da Genentech pela Roche e da Schering-Plough pela Merck totalizaram, juntas, a fabulosa cifra de US$ 156 bilhões.

O processo de consolidação do segmento deve gerar novos contratos bilionários nos próximos meses, mas é certo que uma grande protagonista dificilmente vai surfar nessa onda. Trata-se da americana Eli Lilly & Company, uma das líderes mundiais na produção de medicamentos. Ao contrário dos concorrentes, que adotaram uma estratégia agressiva de crescimento, a Eli Lilly não está preocupada em se associar a outros gigantes.

Pelo menos é isso o que garante José Antonio Alas, recém-nomeado presidente da Eli Lilly no Brasil. "Nossa maior aquisição aconteceu no final do ano passado, quando pagamos US$ 6,5 bilhões pela ImClone Systems para ampliar as pesquisas de tratamentos contra o câncer", disse Alas à DINHEIRO, em sua primeira entrevista após assumir o comando da subsidiária brasileira, há dois meses.

"Comparado com o mercado, foi um negócio pequeno. No entanto, a longo prazo sabemos que a ImClone trará mais valor do que a aquisição de uma grande rival."

Nascido em El Salvador, Alas, 45 anos, é um engenheiro bem-humorado que ainda enfrenta dificuldades com o português. Ex-diretor de marketing do laboratório, assumiu a presidência no lugar de Gaetano Crupi, que se aposentou depois de permanecer na empresa por 31 anos. O grande desafio do novo chefe da Eli Lilly é aumentar as vendas de produtos de nicho, que atendem a uma camada específica de pacientes - estratégia que, nos últimos anos, tem contribuído para o crescimento sempre acima de dois dígitos no mercado brasileiro.

Em 2009, diz o executivo, a meta é aumentar o faturamento em 13% (em 2008, as receitas provenientes do Brasil somaram R$ 600 milhões, o que colocou o País entre os dez principais mercados do laboratório no mundo). Uma das novas apostas, em fase final de aprovação no País, é o Effient, indicado para auxiliar na coagulação do sangue de pessoas que sofreram infarto agudo do miocárdio. O medicamento chegou ao mercado americano em julho e será lançado no Brasil no segundo semestre de 2010.

O bom desempenho no País se deve ao sucesso de vendas do Cialis, que se tornou líder no segmento de remédios para disfunção erétil, ultrapassando o até então imbatível Viagra, da Pfizer.

"O Brasil é o segundo mercado do mundo para o Cialis, atrás apenas dos Estados Unidos", afirma Alas. De acordo com a consultoria IMS Health, o Cialis só perde para o Dorflex, da Sanofi-Aventis, no ranking dos medicamentos mais vendidos no Brasil. Lançado no País em 2003, suas vendas atingiram em 2008 a marca recorde de R$ 213,9 milhões (veja quadro), número que equivale a mais de um terço das receitas totais da Eli Lilly. No ano passado, 18 milhões de comprimidos (Cialis e concorrentes) foram consumidos pelos brasileiros. Segundo o executivo, o potencial é muito maior.

"Apenas 20% dos homens com problemas procuram o médico", afirma. "A missão da empresa é popularizar no Brasil o tratamento e, por consequência, o remédio."

(IstoÉ Dinheiro) Jornalista: Tatiana Vaz

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