A Roche Diagnóstica, divisão do grupo suíço Roche, começa a fazer este ano pesquisas para identificar os diversos vírus da região da Amazônia para fabricar futuras vacinas. "Queremos conhecer as especificidades desses vírus", afirmou Pedro Gonçalves, presidente dessa divisão de negócios da companhia no Brasil. Os estudos serão feitos em parceria com o Instituto Evandro Chagas (IEC), do Pará, e a Universidade de Columbia, nos EUA.
Esses estudos, que ainda estão em fase incipiente, devem começar ainda neste mês. Para colocá-los em prática, a companhia vai utilizar equipamentos de última geração, que possibilitam o sequenciamento genético desses vírus. Mais de 100 variedades deles poderão ser estudadas.
Márcio Nunes, coordenador do projeto pelo IEC, disse que o objetivo é fazer o sequenciamento genético de diversos vírus patogênicos para o homem. Os estudos iniciais serão específicos para dengue, febre amarela e hantavírus. Segundo Nunes, não existe sequenciamento desses tipos de vírus na América do Sul, apesar da grande incidência da doença.
A partir do sequenciamento genético dos virus, será possível desenvolver anticorpos monoclonais, o que poderá reverter em resposta a um agente patogênico. "Também poderemos identificar novos vírus", afirmou Nunes. O coordenador disse que o governo federal disponibilizou cerca de R$ 4 milhões para estimular a pesquisa.
A Roche vai utilizar equipamentos de alta tecnologia para o processo de sequenciamento genético desses vírus. Gonçalves lembra que a companhia foi a precursora, nos anos 90, da chamada tecnologia PCR (Polymerase Chain Reaction, em inglês, ou reação em cadeia da polimerase), que amplifica o DNA. O processo de PCR foi patenteado pela companhia suíça em 1993.
A Roche Diagnóstica fez trabalho semelhante na África. O grupo rastreou vírus emergentes no continente africano e tem um projeto na África oriental que monitora os vírus existentes e identifica futuras ameaças. A meta é identificar possíveis pandemias em fase precoce. Com isso, conseguiu uma identificação confiável do vírus do HIV.
"Cumpriremos em 2010 os nossos planos de levar soluções diagnósticas para todo o Brasil", afirmou Gonçalves. "Vamos vencer o desafio geográfico do Brasil", disse o executivo, referindo-se à extensão territorial do país.
Esse mesmo processo de sequenciamento genético já foi usado na agropecuária. Segundo Gonçalves, a empresa adotou o processo para cana-de-açúcar e gado.
A divisão Diagnóstica trabalha junto com a área farmacêutica no que o grupo se concentra nos últimos anos: a medicina personalizada. O desenvolvimento de medicamentos biotecnológicos, por meio de manipulação genética, tornou-se a forte aposta do grupo. Não interessa ao grupo entrar na produção de genéricos, segmento fortemente responsável pela perda das vendas de grandes companhias farmacêuticas do mundo.
A empresa especializou-se no desenvolvimento de produtos dedicados a grupos específicos de pacientes, impulsionando a medicina personalizada. "Os diagnósticos representam de 50% a 60% da decisão dos médicos", afirmou Gonçalves. A Roche tem forte atuação em oncologia, virologia, doenças autoimunes, metabólicas e do sistema nervoso central.
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