A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) realiza hoje, a partir das 9 horas, audiência pública para discutir a proibição dos moderadores de apetite que atuam no sistema nervoso central, usados para tratar a obesidade. A intenção da agência de banir esses medicamentos foi revelada pelo Estado na semana passada.
Os medicamentos que estão na berlinda são a sibutramina - considerada padrão ouro no tratamento da obesidade -, além dos derivados de anfetamina femproporex, mazindol e dietilpropiona (anfepramona), drogas que estão no mercado brasileiro há mais de 30 anos.
Sem elas, dizem especialistas, pacientes obesos ficarão sem opção de tratamento e acabarão recorrendo a cirurgias de redução de estômago ou a formas clandestinas para obter a droga.
A reunião deve se estender até as 13 horas. Antes de iniciar o debate, a Anvisa terá 40 minutos para apresentar seus argumentos com relação à segurança e eficácia desses medicamentos.
Dirceu Barbano, diretor da agência, levará em consideração os dados citados nas 90 páginas do relatório, elaborado no ano passado pela equipe técnica, que sugere a retirada imediata dessas drogas do mercado.
Um dos principais pontos a serem apresentados pela Anvisa é o resultado do estudo Scout, realizado pelo próprio fabricante da sibutramina (Abbott) com cerca de 10 mil pacientes obesos com mais de 55 anos. A maioria tinha histórico de doença cardíaca e parte deles, diabete.
Nesses pacientes foi constatado que o risco de enfarte associado ao uso da sibutramina é de 16%. Com base nesse resultado, a União Europeia considerou que o risco era extensivo a todos os pacientes e decidiu banir a droga do mercado. Nos EUA, o medicamento foi retirado das prateleiras por decisão do fabricante, após a FDA (agência que regula fármacos e alimentos) apertar o cerco contra a droga.
Para evitar a migração do receituário de sibutramina para as outras classes de medicamentos mais antigas - consideradas mais perigosas -, a Anvisa afirmou que os Estados Unidos não vendiam mais nenhuma droga inibidora de apetite.
A informação foi contestada por especialistas e, ontem à tarde, a agência admitiu a falha e atualizou o relatório, acrescentando a informação de que os americanos ainda comercializam anfepramona e fentermina. Mas, segundo a Anvisa, esse dado não altera o foco do debate principal, que é a sibutramina.
Dez minutos. O endocrinologista Ricardo Meirelles, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), será o representante da Associação Médica Brasileira (AMB) na mesa de discussão e terá dez minutos para expor os argumentos da classe médica.
Segundo Rosana Radominski, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), as diretrizes, atualizadas em dezembro, serão a base da contra-argumentação. Ela diz que os endocrinologistas sempre souberam que a sibutramina não pode ser indicada para pacientes cardíacos. Isso consta nas diretrizes. "Estamos preparados para contestar cada ponto do relatório da Anvisa. O problema é que teremos apenas dez minutos. São dois olhares diferentes para o mesmo problema e esperamos que haja uma solução", afirma.
O problema no Brasil
56,3% da população brasileira está acima do peso, de acordo com dados do Ministério da Saúde 13% é o porcentual de pessoas obesas no Brasil 6.368.547 comprimidos de sibutramina e derivados da anfetamina foram vendidos no País em 2010 1 mil
pessoas aguardam para reduzir o estômago no HC de São Paulo.
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