As indústrias far macêuticas brasileiras vão continuar sendo alvo de aquisições e também deverão atrair o interesse de fundos de private equity em 2011, de acordo com analistas e especialistas ouvidos pelo Valor.
Apesar dos ativos inflacionados, por conta do recente movimento de concentração do setor, o mercado nacional é considerado estratégico para as grandes multinacionais, que buscam elevar sua receita em países emergentes.
A israelense Teva é um exemplo. A farmacêutica, uma das maiores companhias de genéricos do mundo, tem sondado o Brasil nos últimos anos, apurou o Valor.
Em 2005, tentou comprar a BioSintética, que acabou nas mãos do laboratório nacional Aché. Desde então, o grupo passou a participar de algumas das mais importantes negociações do setor fechadas recentemente. Fontes afirmaram que a Teva chegou a fazer uma oferta por uma participação de pelo menos 40% da farmacêutica EMS.
Procurada, a Teva informou que "não comenta rumores de mercado". A EMS afirmou que não tem interesse de vender seu controle e que é consolidadora no setor.
O fato é que depois que a Mantecorp foi vendida no fim do ano passado para a Hypermarcas, poucos ativos de peso estão disponíveis no mercado. Grandes companhias nacionais, como EMS, Eurofarma, Aché e Biolab, para citar alguns exemplos, viraram objeto de cobiça das chamadas "big pharmas", como são conhecidas as gigantes farmacêuticas mundiais.
No entanto, essas empresas afirmam não ter interesse em ser vendidas. Especialistas do setor acreditam que fundos podem se associar a essas empresas ou mesmo grandes companhias podem fazer parcerias, como o caso da Pfizer, que adquiriu no ano passado 40% da Teuto, com opção de compra de controle no futuro.
A Eurofarma e Cristália negociam desde o ano passado possível aliança para a criação de uma nova empresa para produzir medicamentos, segundo fontes de mercado. Essas mesmas fontes afirmam que a Cristália poderá se desfazer do seu controle mais cedo ou mais tarde, uma vez que seu fundador, Ogari Pacheco, com mais de 70 anos, não tem herdeiros.
Outra negociação que está em andamento, conforme já antecipou o Valor, é a venda do laboratório nacional Hipolabor, de pequeno porte, com fábrica em Sabará (MG). Há alguns meses, a empresa colocou seus ativos à venda e poderá abrir mão do seu controle, segundo fontes.
A companhia, especializada em produtos hospitalares, comercialização de medicamentos ao governo e registros para produtos genéricos, está sendo assediada por multinacionais interessadas em ampliar sua participação no Brasil.
O banco BNP Paribas está coordenando a negociação. Mas como tem o foco em medicamentos hospitalares, dificilmente atrairá o interesse de grandes multinacionais, acreditam analistas ouvidos pelo Valor.
O fato de ter alguns de seus produtos autuados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ajuda a afugentar possíveis interessados. A empresa nega que esteja à venda.
No ano passado, além da Hypermarcas e Pfizer, que fizeram os maiores negócios do setor, a Valeant comprou dois pequenos laboratórios no início de 2010. No segundo semestre, a Eurofarma fechou a compra da Segmenta e o Aché adquiriu uma participação de 50% no laboratório Melcon, em Anápolis (GO). O EMS adotou uma estratégia agressiva em genéricos, com o lançamento de importantes medicamentos que perderam a patente, como o Viagra e o Lipitor.
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