Segundo executivos da farmacêutica suíça, País pode entrar na cadeia de produção de medicamentos biológicos no longo prazo.
Brasil e China responderam juntos, pelo maior crescimento de vendas do grupo farmacêutico Roche em 2010. Integrantes da chamada divisão Internacional – que exclui Estados Unidos, Europa e Japão -, os dois países puxaram a expansão de 11% para a divisão farmacêutica e 16% da diagnóstica da região, enquanto, em mercados como o norte-americano, as altas foram de 4% e 5%, respectivamente.
Para este ano, a expectativa é de que os dois emergentes sigam liderando o crescimento das vendas da companhia suíça no mundo, com desempenho acima da média do mercado.
Com os números em franca expansão, a Roche estuda – para longo prazo – uma mudança no perfil dos negócios no Brasil. Segundo Severin Schwan, presidente mundial do grupo, há planos de investimentos futuros para transformar o País em um centro de pesquisa e desenvolvimento da farmacêutica.
“O Brasil, assim como os outros emergentes, estão se desenvolvendo muito bem”, disse Schwan a um grupo de jornalistas brasileiros, após a divulgação do balanço anual da companhia, na semana passada, na Basileia (Suíça). “O mercado brasileiro ganha maior proporção e a atividade comercial também. A partir daí, começamos a olhar para novos investimentos”, completou.
Na avaliação do executivo, o mercado brasileiro está em uma curva ascendente e caminha, agora, para o processo de formação de mão-de-obra qualificada. “O Brasil tem bons oncologistas.
Claro que no País, em geral, o padrão médico ainda não é comparável ao de países desenvolvidos, porque há muitas pessoas que ainda não podem pagar e não têm acesso a medicamentos de alta qualidade”, comparou.
Segundo Adriano Treve, presidente da divisão farmacêutica da Roche no Brasil, há planos para a realização de pesquisas de medicamentos biológicos – produzidos a partir de células vivas e não por processos químicos – no País.
“Podemos trazer o desenvolvimento de moléculas. Estamos fazendo isso com ensaios clínicos e, talvez, podemos ir para fase 1 (a primeira etapa de produção de um medicamento) para ter desenvolvimento no País”, disse.
"Claro que não dá para termos uma fábrica de Avastin [medicamento biológico usado no tratamento contra o câncer] no Brasil, mas alguns passos da produção biológica podem ser feitos aqui.
Vamos avaliar em qual processo vamos investir", completa Treve. Entretanto, o executivo ressalta que os planos de investimentos ainda estão em fase inicial de discussões. “Trata-se de um processo inovador, que requer tempo, recursos, cientistas, laboratórios e logística para atrair os investimentos.”
Enquanto os próximos passos não são definidos, a farmacêutica não prevê investimentos para a unidade brasileira, localizada em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, neste ano. Adriano Treve explica, por outro lado, que a fábrica é “uma parte essencial para os negócios da Roche no Brasil, mas não estão previstos grandes investimentos”, diz.
Ele condiciona os novos aportes às decisões sobre a produção de medicamentos biológicos. “Tudo vai depender do rumo que as coisas tomarão.” A unidade do Rio de Janeiro chegou a ser colocada à venda em 2009, depois que a Roche comprou a empresa norte-americana de biotecnologia Genentech, em março daquele ano, por US$ 46,8 bilhões.
Concorrência chinesa
Na “briga” indireta com a China, o Brasil pode levar vantagem e se tornar um destino mais atrativo para os investimentos da farmacêutica, segundo Treve. Mas para isso, diz ele, é necessário “diminuir a burocracia”. Severin Schwan destaca a importância do ambiente de negócios para investimentos na indústria brasileira. “Só podemos ter sucesso se as patentes forem muito protegidas”, diz. Ele explica que na China há um rigor com proteção de patentes, “então, toda a indústria de medicamentos foi para lá”. Por outro lado, exemplifica ele, na Índia, o processo é inverso, por conta da facilidade de quebra das patentes. “Você tem a produção de genéricos, mas não tem produtores verdadeiramente inovadores indo para lá”.
Para Pedro Gonçalves, presidente da divisão de diagnósticos da Roche do Brasil, o mercado chinês não é visto como concorrente do Brasil. “Vemos o mercado chinês como um espaço de oportunidades para novos negócios, com um mercado consumidor muito grande e com muito potencial de crescimento para nossas soluções.”
Diagnósticos
Líder mundial no segmento de diagnósticos, a Roche projeta um crescimento significativo para o mercado brasileiro nos próximos quatro anos. Michel Heuer, presidente da divisão de diagnóstico da Roche responsável pela Europa, África e América Latina acredita que o Brasil passará o Reino Unido e assumirá a condição de sexto principal mercado da região até 2015. "O Brasil concorre com a Europa", diz.
“Esperamos continuar crescendo acima da média do mercado no Brasil e ampliar a participação nas áreas de análises laboratoriais, monitoramento de índices de saúde, desenvolvimento e pesquisa”, diz Pedro Gonçalves. Neste ano, a Roche espera trazer ao Brasil equipamentos novos, como o GS Junior para sequenciamento genético e o cobas 8000 para análises clínicas.Segundo Daniel O’Day, presidente global da divisão farmacêutica da Roche, há perspectivas de crescimento dos investimentos no Brasil, mas ele prefere não falar em cifras.
“Brasil e China são os mercados que mais crescem e vamos continuar investindo nos dois.”A América Latina responde por 7% das vendas da divisão de diagnósticos da Roche e teve um crescimento de 16% em 2010. Já a Ásia cresceu 20% no ano passado, respondendo por 12% das vendas globais da companhia. Para este ano, prevê Severin Schwan, a divisão farmacêutica deve ter crescimento global na casa de um dígito, com destaque para o lançamento de um medicamento biológico para tratamento de câncer de pele.
Consulta - IG
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