terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Shire chega ao Brasil para brigar com Novartis e J&J

Farmacêutica anglo-americana disputará pacientes com déficit de atenção, mercado que fatura US$ 30 milhões no Brasil.


O diferencial no novo remédio é que ele promete longa duração, maior que a dos medicamentos concorrentes


Cerca de 10 milhões de brasileiros sofrem de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), um problema neurobiológico que surge na infância e costuma acompanhar oindivíduo por toda a vida.

Os principais transtornos são desatenção, inquietude e impulsividadee podem ser tratados com medicamentos. Hoje, a venda de drogas nesse mercado movimenta por volta de US$ 30 milhões no Brasil e está concentrada nas mãos de duas gigantes do ramo farmacêutico: a suíça Novartis e a americana Janssen- Cilag, da Johnson&Johnson.

A partir do segundo trimestre, uma terceira concorrente chega às prateleiras das drogarias. Trata-se da Shire, farmacêutica anglo-americana que encontra-se em fase final de definição do lançamento do Vyvanse no Brasil, uma droga de nova geração que faz uso da substância dimesilato de lisdexanfetamina (a concorrência usa o metilfenidato, que é administrado há décadas) e promete longa duração. “Em vez dos medicamentos de curta duração, que exigem que o paciente tome de três a quatro comprimidos por dia, o Venvanse (nome que será atribuído ao produto no Brasil) baseia- se no uso de um comprimido e tem duração de 13 horas”, afirma Claudio Coracini, gerente-geral da Shire Specialty Pharma para o Brasil e o México.

O Venvanse será indicado para crianças de seis a 12 anos com déficit de atenção e hiperatividade. O próximo passo da farmacêutica é entrar com pedido de autorização para comercialização da droga para adolescentes e adultos.


Nos Estados Unidos e no Canadá, a droga já é prescrita para pacientes destas idades. No momento, contudo, Coracini encontra-se em fase de discussão de preço do Venvanse com a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed), da Anvisa, e espera definir o valor até o final do mês. Para lançar a divisão de Specialty Pharma no Brasil, em junho do ano passado, e colocar o Venvanse no mercado, a Shire está investindo R$ 30 milhões no país. Este valor inclui a contratação de uma equipe de 30 funcionários, que inclui Coracini e profissionais de áreas como financeira e regulatória.

O potencial deste mercado é enorme. Estima-se que apenas 150 mil pacientes foram diagnosticados e medicados corretamente no Brasil, dentre um potencial de 10 milhões de brasileiros como distúrbio. A entrada da Shire na disputa pelos atuais e novos pacientes deve movimentar este mercado. Em 2007, ano em que o Venvanse foi lançado, a imprensa internacional especializada comentava que a Shire acumulava 10% do mercado mundial do distúrbio e avançava nas vendas. “A entrada de um novo concorrente no mercado aumenta o conhecimento da doença por parte do paciente, o que é bom porque a taxa dos que se tratam está bem abaixo da prevalência do transtorno”, afirma Marcelo Gomes, gerente-médico da Novartis, que comercializa a Ritalina de curta e longa duração. O tempo de ação do medicamento, explica Gomes, vai depender de cada caso.

E ressalta que a duração mais curta também é interessante para evitar insônia e falta de apetite. Camila Finzi, diretora da unidade de negócios de especialidades da Novartis, garante que a estratégia da farmacêutica não vai mudar por conta da entrada da Shire no país. “Vamos continuar ressaltando nosso produto, que tem 50% do mercado, está à venda desde 1955 e tem mais de 200 estudos clínicos que comprovam sua eficácia.”



Farmacêutica também vai abrir unidade no México



A farmacêutica anglo-americana Shire temduas divisões independentes que operam ao redor do mundo: a Specialty Pharma, que desenvolve medicamentos nas áreas de transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, gastrointenstinal e hematologia, e a Human Genetic Therapies (HGT), que pesquisa e desenvolve drogas chamadas de órfãs para doenças raríssimas como Síndrome deHunter e Doença de Fabry e vende diretamente para o governo. A divisão de HGT operanoBrasil desde 2007.

A companhia fundada há 25 anos tem faturamento de € 3 bilhões, quatro mil funcionários e presença em quase todo o mundo. A divisão Specialty Pharma, que responde por 70% das vendas da companhia e 60% de sua rentabilidade, não existia no Brasil até junho do ano passado. “Estava mais do que na hora de entrarmos no mercado brasileiro com esta divisão”, afirma Claudio Coracini, que atua há 30 anos na indústria farmacêutica e foi o primeiro funcionário a ser contratado para a nova área. Hoje, além de atuar como gerente- geral da divisão da Shire no Brasil, ele está iniciando a implantação do negócio no México. Como o preço do medicamento no Brasil ainda não foi definido, Coracini diz que não pode prever o faturamento da empresa nos próximos meses. Para comercializar o Venvanse, a Shire vai divulgar a droga entre neurologistas e psiquiatras e atuar em cerca de 500 farmácias.

”Já está fazendo pré-marketing. Somos o terceiro produto do mercado e uma substância nova. Temos vários benefícios e também desvantagens, uma vez que os concorrentessão muito conhecidos e tradicionais. A luta vai ser dura”, diz Coracini. A Janssen-Cilag Farmacêutica, uma forte concorrente para a Shire, afirmou por nota que comercializa o medicamento Concerta (metilfenidato) no Brasil desde 2004. “Vale destacar que o metilfenidato é um dos princípios ativos mais estudados no mundo para o tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).”

Companhia fundada há 25 anos fatura € 3 bilhões e mantém 4mil funcionários


Novas áreas


O Venvanse não será a única droga que a Shire pretende vender no Brasil para combater o problema. A ideia é que esta família de medicamentos seja a mais representativa no faturamento da divisão Specialty Pharma da empresa. É certo que a farmacêutica pretende lançar algumas drogas para combater o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade. A próxima, no entanto, não deve aterrissar nas prateleiras antes do final de 2012. Outros alvos da Shire são os medicamentos para combater constipação.“Osbrasileiros se tratam com laxante, que não é nada saudável”,diz Coracini.


Brasil Econômico

4 comentários:

  1. Você tem o telefone da Shire?
    Tento em 3 números, mas sem sucesso.
    Obrigada

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  2. sou medico ha mais de 30 anos o meufilho faz tratamento e usa contiamente, oxa camabazepina e venvanse, a Shaire chegou ao Brasil para brigar com a NOVARTIS, briga bonita, so que a novartis me da um desconto de 50% no preço final do trileptal ai a preucupação da NOVARTIS é com o clente, enão com o MAKETING FARMACEUTICO, como é que a SHAIRE vao mudar sua linha de pensamento
    boa noite e obrigado

    meu e-mail crisfdr@gmail.com

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    Respostas
    1. Perfeita a sua colocação! Para quem está chegando em um mercado novo, no mínimo, deveria estar investindo um pouco mais no seu cliente! Ainda fico com a Novartis e com o seu programa de descontos!

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    2. Perfeita a sua colocação! Para quem está chegando em um mercado novo, no mínimo, deveria estar investindo um pouco mais no seu cliente! Ainda fico com a Novartis e com o seu programa de descontos!

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