De 1997 a 2008, o Brasil teve aumento de 30,2% na sua competitividade, segundo pesquisa realizada pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Esse percentual o coloca como um dos cinco que mais progrediram no período.
No ano passado, o país subiu um degrau, alcançando a 37ª posição de um ranking que reúne 43 nações, responsáveis por cerca de 90% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial.
Essa evolução no desempenho se deve ao crescimento dos gastos públicos em saúde e à elevação do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e da formação bruta de capital fixo (investimentos na ampliação da capacidade produtiva do país). A pesada carga tributária e o baixo índice de tecnologia impediram maiores avanços, entretanto, aponta o estudo.
Competitividade é a capacidade de uma nação de oferecer às empresas nela estabelecidas boas condições para que desenvolvam suas atividades. De acordo com o ranking, na América Latina, a Argentina, o México e a Venezuela estão à frente do Brasil. O primeiro, devido em grande parte à escolaridade da sua população. O segundo, por causa dos reduzidos juros e "spread" bancário (diferença entre a taxa à qual as instituições financeiras captam dinheiro e a que cobram nos financiamentos que concedem).
O país de Hugo Chávez apresenta bons resultados comerciais advindos da exportação de petróleo e escolaridade e renda superiores às do Brasil. "Quanto mais melhorarmos nossa competitividade, maior a qualidade dos investimentos feitos no país", disse, em entrevista coletiva à imprensa, José Ricardo Roriz Coelho, diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp. "China e Índia, por exemplo, investem bem mais."
A diferença entre o retrato traçado pelo ranking e a percepção dos empresários estrangeiros, que a cada vez mais se mostram interessados em colocar seu capital no país, é uma questão de tempo: a lista mostra a situação atual, enquanto os empreendedores têm em mente o longo prazo, quando esperam ver a maturação dos seus negócios. "O Brasil tem uma demanda muito forte por infraestrutura, que tem sido o alvo dos grandes investidores internacionais."
Resiliência
Outro levantamento feito pela Fiesp mostra que o Brasil teve um elevado índice de resistência à crise econômica internacional de 2008/2009 mas não confirma a impressão nacional de que o país foi um dos que se saíram melhores. Nesse ranking, o primeiro colocado é a China, seguida pela Malásia e pela Noruega. O Brasil só aparece na 12ª posição, atrás também da Índia, que fica em nono. Cingapura, Irlanda e Rússia ocupam os últimos lugares da lista.
Foram avaliadas as qualidades de cada nação na conjuntura, como as que dizem respeito ao nível de atividade. Enquanto o PIB per capita do Brasil cresceu 0,3% entre o primeiro trimestre de 2008 e o de 2009 -período escolhido pelos economistas para medir o impacto das turbulências-, o da Indonésia subiu 6,6%, por exemplo. O setor industrial foi o que mais sofreu, com uma queda de 13,1% na produção.
A seu favor, o país teve o crescimento das reservas internacionais, a pequena alta do desemprego e a atuação do governo, que elevou o seu consumo em 3% no período e reduziu a carga tributária em 2,9%. A relação entre a dívida pública e o PIB subiu 0,3% -uma das menores taxas verificadas entre os 43 países da amostra.
Folha de S. Paulo Jornalista: Denyse Godoy
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