sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Publicado novo código de ética médica

Novo Código de ética médica é publicado no "Diário Oficial"



Foi publicado ontem no "Diário Oficial da União" o novo Código de Ética Médica, elaborado após dois anos de debates e análises de 2.575 sugestões de médicos e entidades e aprovado pelo
Conselho Federal de Medicina em plenária realizada em agosto.

Entre os artigos, está o que proíbe médicos de vender medicamentos ou ganhar comissão por produtos que recomendar.

Também é vetada a criação de embriões para pesquisa e a escolha do sexo do feto.

Leia o novo Código de Ética Médica publicado ontem no Diário Oficial da União:

http://www.in.gov.br/imprensa/visualiza/index.jsp?jornal=1&pagina=90&data=24/09/2009


(Folha de S. Paulo)

Brasil está mais competitivo, aponta Fiesp

De 1997 a 2008, o Brasil teve aumento de 30,2% na sua competitividade, segundo pesquisa realizada pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Esse percentual o coloca como um dos cinco que mais progrediram no período.

No ano passado, o país subiu um degrau, alcançando a 37ª posição de um ranking que reúne 43 nações, responsáveis por cerca de 90% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial.

Essa evolução no desempenho se deve ao crescimento dos gastos públicos em saúde e à elevação do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e da formação bruta de capital fixo (investimentos na ampliação da capacidade produtiva do país). A pesada carga tributária e o baixo índice de tecnologia impediram maiores avanços, entretanto, aponta o estudo.

Competitividade é a capacidade de uma nação de oferecer às empresas nela estabelecidas boas condições para que desenvolvam suas atividades. De acordo com o ranking, na América Latina, a Argentina, o México e a Venezuela estão à frente do Brasil. O primeiro, devido em grande parte à escolaridade da sua população. O segundo, por causa dos reduzidos juros e "spread" bancário (diferença entre a taxa à qual as instituições financeiras captam dinheiro e a que cobram nos financiamentos que concedem).

O país de Hugo Chávez apresenta bons resultados comerciais advindos da exportação de petróleo e escolaridade e renda superiores às do Brasil. "Quanto mais melhorarmos nossa competitividade, maior a qualidade dos investimentos feitos no país", disse, em entrevista coletiva à imprensa, José Ricardo Roriz Coelho, diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp. "China e Índia, por exemplo, investem bem mais."

A diferença entre o retrato traçado pelo ranking e a percepção dos empresários estrangeiros, que a cada vez mais se mostram interessados em colocar seu capital no país, é uma questão de tempo: a lista mostra a situação atual, enquanto os empreendedores têm em mente o longo prazo, quando esperam ver a maturação dos seus negócios. "O Brasil tem uma demanda muito forte por infraestrutura, que tem sido o alvo dos grandes investidores internacionais."

Resiliência

Outro levantamento feito pela Fiesp mostra que o Brasil teve um elevado índice de resistência à crise econômica internacional de 2008/2009 mas não confirma a impressão nacional de que o país foi um dos que se saíram melhores. Nesse ranking, o primeiro colocado é a China, seguida pela Malásia e pela Noruega. O Brasil só aparece na 12ª posição, atrás também da Índia, que fica em nono. Cingapura, Irlanda e Rússia ocupam os últimos lugares da lista.

Foram avaliadas as qualidades de cada nação na conjuntura, como as que dizem respeito ao nível de atividade. Enquanto o PIB per capita do Brasil cresceu 0,3% entre o primeiro trimestre de 2008 e o de 2009 -período escolhido pelos economistas para medir o impacto das turbulências-, o da Indonésia subiu 6,6%, por exemplo. O setor industrial foi o que mais sofreu, com uma queda de 13,1% na produção.

A seu favor, o país teve o crescimento das reservas internacionais, a pequena alta do desemprego e a atuação do governo, que elevou o seu consumo em 3% no período e reduziu a carga tributária em 2,9%. A relação entre a dívida pública e o PIB subiu 0,3% -uma das menores taxas verificadas entre os 43 países da amostra.

Folha de S. Paulo Jornalista: Denyse Godoy

Laboratório inaugura um novo centro de pesquisas


Foi inaugurado ontem (23/09), em Itapira, com a presença do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), o Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Laboratório Cristália. Com investimentos de R$ 30 milhões em construções e equipamentos, o centro reunirá todo o planejamento e coordenação das pesquisas desenvolvidas pelo laboratório, possibilitando uma economia de recursos e agilizando em até 30% o fluxo no desenvolvimento de pesquisas.

Em franca expansão, a empresa inaugura em dezembro uma nova unidade de produção, e estima um crescimento de 12% no faturamento de 2009. “Apesar da crise, estimamos um aumento de 12% no faturamento e estamos bem próximos do objetivos. Temos muita confiança de que alcançaremos a meta”, afirma o presidente do Cristália, Ogari de Castro Pacheco.

A nova fábrica contou com R$ 160 milhões de investimentos e permitirá triplicar a produção atual. Pacheco acrescenta que novos empregos serão gerados. “Primeiro iremos usar o pessoal já treinado na nova fábrica, depois iremos abrir novas vagas paulatinamente”, contou, sem precisar o número de postos de trabalho a serem criados.

Durante a inauguração, o laboratório anunciou, ainda, a renovação do contrato com o governo federal para o fornecimento da matéria-prima para a fabricação do antirretroviral Efavirenz. “Fechamos contrato para mais dois anos”, comenta Pacheco, ressaltando a política do governo brasileiro em priorizar a utilização de matéria-prima desenvolvida no País para a fabricação de remédios.

A empresa tem 100% de capital nacional, um quadro de 2.137 funcionários e investe 6% do faturamento em pesquisas científicas, por meio de parcerias com importantes universidades e centros de pesquisa. “Fomos eleitos pela Finep em 2007 como a empresa que mais inovou em 2007. Não só entre as farmacêuticas, mas entre todas as empresas brasileiras”, comemora Pacheco, ressaltando a importância do novo Centro para a inovação e desenvolvimento de novos projetos.

Patentes

O laboratório soma 117 pedidos de patentes, um número recorde na indústria farmacêutica nacional, sendo que 15 já foram concedidas. Atualmente, estão sendo desenvolvidos por meio de parcerias com várias instituições 29 pesquisas, sendo que 15 delas se referem a produtos novos. “São inovações totalmente radicais”, pontua Pacheco.


(Correio Popular – Campinas)

A beleza vem de fora mesmo, não de dentro!

O fundador e presidente do conselho de administração da O Boticário, Miguel Krigsner, tem seu próprio conceito sobre beleza, que destoa da filosofia de que ela vem de dentro. "Na prática, vem de fora. Quando a pessoa olha no espelho e gosta do que vê, começa a se sentir bem e isso faz diferença", diz o empresário, com a experiência de 32 anos de atuação no segmento de cosméticos e perfumaria.

Conceitos à parte, a empresa se prepara para enfrentar o aumento na concorrência. Sua previsão é de que o Brasil se tornará o segundo em vendas de cosméticos, no lugar do Japão e atrás dos Estados Unidos. Para ficar menos elitista e ampliar a base de clientes, a direção apostou em uma linha mais barata de maquiagem, na qual investiu R$ 9 milhões. Trabalha, há dois anos, com a consultoria Bain & Company para ajudá-la na localização das lojas pelo país. E vai ampliar a estrutura com investimentos de R$ 175 milhões.

Desde que deixou o dia-a-dia dos negócios, em 2008, Krigsner contribui de modo diferente para o crescimento da O Boticário, que tem fábrica em São José dos Pinhais (PR) e rede de franquia formada por 2,7 mil lojas em 1,5 mil cidades. A empresa espera obter em 2009 resultado melhor que o do mercado. "O segmento deve crescer 8% e O Boticário, de 16% a 18%", diz. O faturamento projetado é de R$ 1,2 bilhão.

Krigsner traça planos para enfrentar a concorrência."Como se defrontar com um turbilhão de empresas que vão atuar aqui", pergunta, citando aumento em propaganda de multinacionais da área de beleza. Foi para enfrentar essa situação que a fabricante decidiu investir no aumento de capacidade e em um centro de distribuição, que deveria ser aberto este mês em Registro (SP), mas as obras atrasaram devido às chuvas e seu uso foi adiado para depois do Natal.

"Em 2010 nossa sede vai virar um parque de obras", conta. As mudanças vão incluir a importação de máquinas, a construção de novo centro administrativo (o atual foi adaptado de um galpão) e o aumento do laboratório, de cerca de 3 mil metros para 12 mil metros quadrados. Krigsner explica que as ampliações estavam previstas para 2012 e foram antecipadas. A empresa comprou há cinco anos um terreno de 55 mil metros quadrados ao lado da fábrica e 5 mil metros serão usados agora.

Mesmo com a aposta na classe C, os olhos não foram desviados da classe B, grande consumidora dos 630 itens da empresa. Krigsner afirma que há uma demanda reprimida por produtos da marca. "Queremos que toda pessoa que entra numa das lojas encontre produtos que deseja e pode pagar. Não queremos ser elitizados".

O executivo participou ontem da abertura do VI Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), que debate a preservação do planeta até quinta-feira.

(Valor Econômico)

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A "mais-valia" do trabalho médico

Ao deparar-me com a reportagem abaixo no Correio Braziliense, vi o quão interessante o tema é para a discussão sobre a saúde no Brasil, e por este motivo, creio que é pertinente sua replicação neste blog.

"A situação do médico no Brasil é dramática. Estresse, desgaste físico e baixa remuneração são ingredientes de uma vida profissional que se consome à exaustão, em curto espaço de tempo.

Não obstante o horizonte sombrio que se configura, a medicina ainda é o curso mais procurado nas universidades. Um sonho que fascina enquanto dura. Um ideal que ainda desafia a realidade desoladora.

As razões que levaram tão relevante fazer profissional à desagregação vêm de longa data. Têm a ver com o modelo econômico vigente. A principal delas é pouco percebida na atualidade. Já quase não se fala de seu mecanismo de ação.

É a mais-valia, conceito criado pelo economista Karl Marx para mostrar a lógica de exploração do trabalho, fundamento da sociedade capitalista. Corresponde à diferença entre o valor financeiro gerado pelo trabalho e o salário pago ao trabalhador.

Quanto maior a distância entre os dois componentes dessa equação, maior o ganho do capital em detrimento do trabalho. As empresas e o próprio Estado mantêm-se graças à mais-valia que subtraem dos trabalhadores, origem dos lucros que os sustentam, da exploração que os enriquece.

Essa prática abusiva permeia quase todas as relações de trabalho no país. No caso da atividade médica, a mais-valia tem dimensão diferente. O valor produzido pelo labor do médico é a recuperação da saúde, um bem que não tem preço. Logo, sua remuneração deveria ser muito maior.

Mas é impossível estimar o valor financeiro da saúde do cidadão. Por isso, lança-se mão de outros critérios para o cálculo indireto da mais-valia do trabalho médico.

Para tanto, o mais racional é adotar o que preceitua o inciso IV do artigo 7º da Constituição, relativo aos componentes do salário mínimo. Segundo a norma constitucional, o vencimento do trabalhador deve ser “capaz de atender a suas necessidades básicas e às de sua família como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo...”.

Estudo feito pela empresa ABP Informáticaem 2002 definiu, com base no critério da Carta Magna, o valor do salário mínimo do médico e o de uma consulta pediátrica, cuja duração fica em torno de 35 minutos.

Aplicados os índices oficiais de correção até 2009, o salário mensal desse profissional, com vínculo empregatício público ou privado, em carga horária de 20 horas semanais, não pode ser menor que R$ 8.300.

Ora, o médico funcionário do SUS não recebe mais que R$ 3 mil ao mês, por contrato de 20 horas semanais. A mais-valia de que o Estado se apropria é de R$ 5.300 em cada salário. O valor da consulta pediátrica não deve ser inferior a R$130. Porém, os planos de saúde pagam, em média, R$ 30 ao pediatra. A mais-valia que retêm é de R$ 100 por consulta. Assim, tanto no setor público quanto na saúde suplementar, o médico paga para trabalhar. É a profissão que, pelo montante da sua mais-valia retida, sustenta o funcionamento do SUS e dos planos privados de saúde.

A medicina já foi atividade liberal no Brasil. Com o crescimento demográfico e as desigualdades inerentes ao modelo de sociedade que vigora no país, o Estado teve de expandir a intervenção no campo da saúde, sob pena de perder o controle das condições sanitárias da população. A formação de médicos foi estimulada a aumentar em ritmo alucinante. Colocou à disposição do sistema público e da saúde suplementar um número de profissionais superior à necessidade real.

O excedente de médicos equivale ao que se denomina exército de reserva, o contingente de mão de obra sempre disponível para garantir a exploração máxima da mais-valia. Assim, o que ocorreu com a classe médica brasileira foi a sua acelerada proletarização, comandada pelo Estado.

No início dos anos 1960, discutia-se a socialização da medicina, entendida, à época, como a transformação do profissional liberal em funcionário público ou de empresas patronais. Samuel Pessoa, eminente professor universitário de então, profetizou: “Estamos convencidos, de fato, de que a socialização de uma classe num regime capitalista dará como resultado transformar os indivíduos que a compõem em assalariados, que virão aumentar a classe dos explorados”. Nada mais lúcido.

Os médicos têm de reagir com firmeza. Precisam mobilizar-se. Caso contrário, a única alternativa que lhes resta para libertar-se da apropriação indevida de sua mais-valia, e recuperar a dignidade perdida, é trabalhar apenas como profissionais liberais."


Correio Braziliense

Cosméticos de "ex-office-boy" ultrapassa vendas de multinacionais.


Os três galpões da fabricante de cosméticos Niely, espalhados pela cidade de Nova Iguaçu (RJ), na Baixada Fluminense, têm estado apertados. Pudera. Nos últimos três anos, a produção da empresa, que começou como uma modesta fábrica de produtos para cabelos, há pouco mais de duas décadas, triplicou.

No mesmo ritmo frenético em que cresciam as vendas, as fábricas foram sendo ampliadas. Além dos cosméticos, a companhia produz suas próprias embalagens. "Não cabe mais nem uma caixa de fósforo", orgulha-se o presidente e fundador da Niely, Daniel de Jesus. De 2008 para cá, especialmente, os motivos para comemorar aumentaram.

A fabricante nacional ultrapassou rivais do porte da francesa L"Oreal e Procter & Gamble, chegando à liderança nacional no segmento de coloração, em que atua há nove anos. Segundo dados do instituto Nielsen, a marca Cor & Ton, da fabricante fluminense, tem 12,4% desse mercado, avaliado em US$ 1,6 bilhão. No segmento de xampus, briga pela segunda posição. Para avançar nessa disputa, a companhia deu início, no último semestre, à construção de um novo parque industrial, um investimento de R$ 50 milhões.Um feito e tanto para o carioca Jesus, de 50 anos. Filho de um ascensorista e de uma dona de casa, transformou a pequena indústria da Baixada em um grupo empresarial com dois mil funcionários, faturamento de R$ 400 milhões e vendas internacionais.

Após trabalhar como office-boy e vendedor, ele começou o negócio na década de 80, fabricando produtos químicos para manutenção das máquinas, de olho no desenvolvimento industrial da região. Anos depois, resolveu apostar nos cosméticos. "Sempre quis vender para muitos."

Ao mirar na então desconhecida classe C, hoje vedete das empresas de consumo, a Niely conseguiu sobreviver - e se destacar - entre as centenas de pequenas fabricantes de cosméticos.

"As vendas de nossa linha de produtos de alisantes (produtos para alisamento de cabelos) deram estrutura para a companhia alçar voos maiores", comenta Silas de Jesus, primo do fundador e hoje diretor comercial da Niely. Com um faturamento já na casa dos milhões, em meados de 2000, o empreendedor carioca deu então seu salto mais ousado: a criação de uma linha de coloração para cabelos.Esse era um mercado implacável com novos competidores, conta o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), João Carlos Basílio da Silva.

"Poucas grandes empresas dominavam o mercado e os preços eram exorbitantes. As novatas tinham de produzir com a melhor qualidade possível, mas com preços até 40% menores." Outro obstáculo foi o desenvolvimento tecnológico. "A maioria dos componentes da formulação das tinturas é importada. É um desafio desenvolver inovação nessa área.

"A Niely conseguiu ter sucesso nesse cenário com altos investimentos em tecnologia e em marketing, afirma Daniel. Um químico alemão foi trazido para prestar consultoria à empresa, e profissionais das concorrentes foram recrutados para a missão. A campanha em programas com altos índices de audiência na televisão foi outro passo decisivo. "O Daniel foi arrojado. Investiu pesado e depois ralou para pagar", observa Basílio da Silva.

Em seguida, veio o lançamento de xampus e condicionadores, um segmento também dominado por gigantes como Unilever, além da Procter e da L"Oreal. Hoje, os produtos da "segunda geração" da Niely - xampus e coloração - respondem por 80% do faturamento da empresa, que cresceu 70% ao ano em 2007 e 2008. Este ano, a expectativa é que as vendas aumentem em 20%.

"Passamos para a primeira divisão do setor de cosméticos", acredita Daniel.

O segmento de cabelos é hoje o maior negócio no setor de higiene pessoal e beleza no Brasil. Esse mercado movimenta cerca de US$ 6,8 bilhões no País, segundo dados da Abihpec. Para o empreendedor da Baixada Fluminense, isso justifica as propostas de aquisição que a Niely tem recebido nos últimos anos. "O assédio é diário", conta. "Mas não vou vender tão cedo. Sou novo e ainda tenho muito a fazer aqui."

A meta do empresário é estar entre as maiores no setor de higiene pessoal, um mercado pelo menos dez vezes maior, em faturamento, que o de cabelos. No mês passado, a companhia deu início a essa estratégia, com o lançamento de desodorantes e loção após-barba para o público masculino.

O investimento milionário no novo parque industrial da companhia, que deve estar em plena operação dentro de quatro anos, faz parte do plano. "No meio de empresas poderosas, temos de nos comportar como tal."