quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Anvisa quer banir remédios para emagrecer

O reinado dos remédios emagrecedores está por um fio. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quer banir de vez a comercialização de todas as drogas usadas para emagrecer que atuam no sistema nervoso central: a sibutramina e os derivados de anfetamina (femproporex, dietilpropiona e mazindol).

A única droga para o tratamento da obesidade que continuará liberada será o orlistate (Xenical), que atua diretamente no intestino, reduzindo em cerca de 30% a absorção de gordura. Diante de estudos que apontam que o consumo de sibutramina aumenta o risco de problemas cardíacos, desde o ano passado a Anvisa impôs novas regras e endureceu os critérios de venda dessa droga - considerada de primeira classe no tratamento da obesidade. Ela deixou de ser vendida como medicamento comum e passou a integrar a categoria dos anorexígenos, drogas que exigem receita especial.


A proposta de proibir os emagrecedores foi anunciada a especialistas e entidades médicas da área na semana passada e será publicada hoje no site da agência, junto com um parecer explicando os motivos (mais informações na página A14). Radical. Para médicos endocrinologistas que atuam no combate à obesidade, a medida é radical demais e vai deixar os pacientes sem opção de tratamento, já que o controle da fome e da saciedade ocorre no cérebro.


"Quase metade da população brasileira tem sobrepeso. Muitos pacientes não conseguem perder peso com o tratamento clínico convencional, que inclui dieta e exercícios físicos. Como vamos controlar a obesidade desses pacientes sem mexer no cérebro?", diz o endocrinologista Márcio Mancini, chefe do departamento de obesidade do Hospital das Clínicas (HC).Segundo Mancini, o estudo no qual a Anvisa se baseia para tentar banir a sibutramina foi feito em pacientes com mais de 55 anos, com doença coronariana. "Nós já não indicávamos sibutramina para pacientes cardíacos. O que vamos fazer com o resto da população obesa?"

A presidente da Associação Brasileira para Estudos da Obesidade (Abeso), Rosana Radominski, afirma que a Anvisa não considerou as atuais diretrizes sobre tratamento da obesidade. "Os técnicos não levaram isso em consideração. Como eles defendem mudanças de hábitos e exercícios físicos, ficará a ideia de que só é gordo quem quer. Colocaram no mesmo saco o profissional sério e os que promovem o uso indiscriminado dessas drogas. O correto seria intensificar a fiscalização."A endocrinologista Cláudia Cozer, diretora da Abeso, concorda. "A grande maioria dos pacientes toma esses remédios com critério e com acompanhamento. Retirar do mercado é uma medida drástica." (Manchetes)


Riscos superam benefícios, diz Anvisa


Debate na agência surgiu após União Europeia banir a sibutramina; para diretor, proibir só essa substância levaria a uso abusivo de anfetaminas.Os benefícios não superam os riscos. É o principal argumento que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pretende usar na próxima semana, durante audiência pública, para convencer a classe médica de que é melhor proibir de vez o uso de medicamentos usados para emagrecer. Segundo Dirceu Barbano, diretor da agência, o assunto vem sendo discutido desde o ano passado, quando a União Europeia baniu a sibutramina. "Quase nenhum outro país tem sibutramina. As anfetaminas também estão diminuindo. E não há notícia de que isso piorou ou atrapalhou o tratamento da obesidade." Em 2009, foram vendidas no País 67,5 toneladas de sibutramina.

Barbano explica que, se a agência proibisse apenas o consumo da sibutramina, a tendência seria a migração para as anfetaminas. "Somos os campeões mundiais no consumo de anfetaminas. Aqui elas circulam indiscriminadamente, de maneira desconhecida."Segundo Barbano, a Anvisa fez um levantamento interno e concluiu que, por mais que o medicamento seja controlado e indicado apenas para pacientes com determinados perfis, não há evidências suficientes que demonstrem que a perda de peso supera os riscos cardíacos.


"A nossa proposta, sustentada por uma extensa pesquisa, é de retirada imediata desses produtos do mercado. A não ser que consigam nos demonstrar com dados consistentes que estamos errados e esses remédios são bons e seguros", diz.

O diretor da Anvisa também afirma que o orlistate (Xenical) continuará sendo comercializado. "Esse medicamento atua no intestino e traz resultados. O fato é que inibir o apetite com medicamento não é uma forma segura de tratar a obesidade."A audiência pública não trará resultado imediato. Os dados serão enviados para análise final. Segundo Barbano, se houver proibição, o impacto é direto em farmácias de manipulação, mas não será necessário tirar das prateleiras os medicamentos. Eles terão o registro suspenso e sairão das farmácias naturalmente. "Certamente haverá um conjunto de reações, mas essa é uma decisão que vai gerar mais saúde."

PARA LEMBRAR

Proibição estimula venda irregular

Medicamentos banidos do País ou que têm regras mais rígidas para a comercialização são comumente encontrados em pequenas farmácias, importados do Paraguai ou adquiridos por meio da internet.Um exemplo é o misoprostol, apresentado comercialmente como Citotec. Indicado para o tratamento de problemas gástricos, é famoso por ser abortivo. A venda é restrita a hospitais cadastrados, mas são comuns os casos de mulheres internadas após usarem o medicamento em casa.

A dificuldade para combater a venda irregular não é só do Brasil. Em 2010, a Interpol realizou uma ação em 45 países para coibir o comércio de remédios sem receita. No País, a PF desarticulou uma rede que agia em sete Estados e apreendeu 15 mil comprimidos.


Pacientes divergem sobre uso de remédio


Enquanto alguns se livraram do sobrepeso com medicamento, outros tiveram parada cardíaca.Um problema de saúde obrigou Mariana Veiga, de 25 anos, a tomar cortisona por 12 dias. Durante o período, a empresária conta que ganhou 10 quilos, efeito colateral do uso do medicamento. Para se livrar do sobrepeso, ela procurou a ajuda de um endocrinologista. "Ele me receitou anfepramona e sibutramina e também me orientou a fazer dieta e exercícios físicos", conta.


Os quilos extras foram perdidos em um mês e meio, segundo Mariana. Desde então, ela deixou de tomar as substâncias e virou uma incentivadora do "uso responsável" dos emagrecedores. "Com orientação médica, não vejo problema."A professora Roberta Merriotte, de 43 anos, também defende o uso dos remédios. Após uma cirurgia bariátrica, ela voltou a engordar. "Foi então que meu endocrinologista indicou sibutramina. Tive receio de voltar a ter problemas de pressão. No meu caso, tomar o emagrecedor não foi uma decisão apenas estética."


A pedagoga Cristine Paolillo, de 37 anos, não teve a mesma sorte. Depois de engordar 23 quilos durante a gravidez, procurou um médico para perder peso. Teve de fazer apenas exames de tireoide e de sangue, nenhum cardíaco.No réveillon, dois meses depois de começar a usar a sibutramina, Cristine passou mal e teve três paradas cardíacas. Foi para a UTI, teve o peito aberto e precisou ter um marcapasso e um desfibrilador implantados.


Cristine descobriu ser portadora de um tipo grave de arritmia. "Pedi a Deus para não morrer, porque tinha um filho de 1 ano para criar. A sibutramina foi o gatilho para disparar esse meu problema."Mariana e Roberta são contrárias à intenção da Anvisa de proibir os emagrecedores. Ambas defendem que a proibição "puniria quem faz o uso correto das substâncias". "Em vez de bani-los, a Anvisa deveria se preocupar em fiscalizar a comercialização dessas drogas", diz Mariana. "Quando um médico receita o uso, está se responsabilizando", avalia Roberta.


Cristine, que hoje faz exames médicos a cada três meses, pensa de modo diferente. "Tive de aprender a comer direito, porque não posso fazer exercícios físicos. Emagreci 4 quilos sozinha, em dois meses. Ainda faltam 10. Mesmo assim, é melhor emagrecer com saúde que ter de tomar remédio."


Fonte: O Estado de S. Paulo

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Roche estuda transformar Brasil em centro de desenvolvimento

Segundo executivos da farmacêutica suíça, País pode entrar na cadeia de produção de medicamentos biológicos no longo prazo.

Brasil e China responderam juntos, pelo maior crescimento de vendas do grupo farmacêutico Roche em 2010. Integrantes da chamada divisão Internacional – que exclui Estados Unidos, Europa e Japão -, os dois países puxaram a expansão de 11% para a divisão farmacêutica e 16% da diagnóstica da região, enquanto, em mercados como o norte-americano, as altas foram de 4% e 5%, respectivamente.

Para este ano, a expectativa é de que os dois emergentes sigam liderando o crescimento das vendas da companhia suíça no mundo, com desempenho acima da média do mercado.

Com os números em franca expansão, a Roche estuda – para longo prazo – uma mudança no perfil dos negócios no Brasil. Segundo Severin Schwan, presidente mundial do grupo, há planos de investimentos futuros para transformar o País em um centro de pesquisa e desenvolvimento da farmacêutica.

“O Brasil, assim como os outros emergentes, estão se desenvolvendo muito bem”, disse Schwan a um grupo de jornalistas brasileiros, após a divulgação do balanço anual da companhia, na semana passada, na Basileia (Suíça). “O mercado brasileiro ganha maior proporção e a atividade comercial também. A partir daí, começamos a olhar para novos investimentos”, completou.


Na avaliação do executivo, o mercado brasileiro está em uma curva ascendente e caminha, agora, para o processo de formação de mão-de-obra qualificada. “O Brasil tem bons oncologistas.

Claro que no País, em geral, o padrão médico ainda não é comparável ao de países desenvolvidos, porque há muitas pessoas que ainda não podem pagar e não têm acesso a medicamentos de alta qualidade”, comparou.


Segundo Adriano Treve, presidente da divisão farmacêutica da Roche no Brasil, há planos para a realização de pesquisas de medicamentos biológicos – produzidos a partir de células vivas e não por processos químicos – no País.

“Podemos trazer o desenvolvimento de moléculas. Estamos fazendo isso com ensaios clínicos e, talvez, podemos ir para fase 1 (a primeira etapa de produção de um medicamento) para ter desenvolvimento no País”, disse.


"Claro que não dá para termos uma fábrica de Avastin [medicamento biológico usado no tratamento contra o câncer] no Brasil, mas alguns passos da produção biológica podem ser feitos aqui.

Vamos avaliar em qual processo vamos investir", completa Treve. Entretanto, o executivo ressalta que os planos de investimentos ainda estão em fase inicial de discussões. “Trata-se de um processo inovador, que requer tempo, recursos, cientistas, laboratórios e logística para atrair os investimentos.”


Enquanto os próximos passos não são definidos, a farmacêutica não prevê investimentos para a unidade brasileira, localizada em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, neste ano. Adriano Treve explica, por outro lado, que a fábrica é “uma parte essencial para os negócios da Roche no Brasil, mas não estão previstos grandes investimentos”, diz.


Ele condiciona os novos aportes às decisões sobre a produção de medicamentos biológicos. “Tudo vai depender do rumo que as coisas tomarão.” A unidade do Rio de Janeiro chegou a ser colocada à venda em 2009, depois que a Roche comprou a empresa norte-americana de biotecnologia Genentech, em março daquele ano, por US$ 46,8 bilhões.

Concorrência chinesa

Na “briga” indireta com a China, o Brasil pode levar vantagem e se tornar um destino mais atrativo para os investimentos da farmacêutica, segundo Treve. Mas para isso, diz ele, é necessário “diminuir a burocracia”. Severin Schwan destaca a importância do ambiente de negócios para investimentos na indústria brasileira. “Só podemos ter sucesso se as patentes forem muito protegidas”, diz. Ele explica que na China há um rigor com proteção de patentes, “então, toda a indústria de medicamentos foi para lá”. Por outro lado, exemplifica ele, na Índia, o processo é inverso, por conta da facilidade de quebra das patentes. “Você tem a produção de genéricos, mas não tem produtores verdadeiramente inovadores indo para lá”.


Para Pedro Gonçalves, presidente da divisão de diagnósticos da Roche do Brasil, o mercado chinês não é visto como concorrente do Brasil. “Vemos o mercado chinês como um espaço de oportunidades para novos negócios, com um mercado consumidor muito grande e com muito potencial de crescimento para nossas soluções.”


Diagnósticos


Líder mundial no segmento de diagnósticos, a Roche projeta um crescimento significativo para o mercado brasileiro nos próximos quatro anos. Michel Heuer, presidente da divisão de diagnóstico da Roche responsável pela Europa, África e América Latina acredita que o Brasil passará o Reino Unido e assumirá a condição de sexto principal mercado da região até 2015. "O Brasil concorre com a Europa", diz.

“Esperamos continuar crescendo acima da média do mercado no Brasil e ampliar a participação nas áreas de análises laboratoriais, monitoramento de índices de saúde, desenvolvimento e pesquisa”, diz Pedro Gonçalves. Neste ano, a Roche espera trazer ao Brasil equipamentos novos, como o GS Junior para sequenciamento genético e o cobas 8000 para análises clínicas.Segundo Daniel O’Day, presidente global da divisão farmacêutica da Roche, há perspectivas de crescimento dos investimentos no Brasil, mas ele prefere não falar em cifras.

“Brasil e China são os mercados que mais crescem e vamos continuar investindo nos dois.”A América Latina responde por 7% das vendas da divisão de diagnósticos da Roche e teve um crescimento de 16% em 2010. Já a Ásia cresceu 20% no ano passado, respondendo por 12% das vendas globais da companhia. Para este ano, prevê Severin Schwan, a divisão farmacêutica deve ter crescimento global na casa de um dígito, com destaque para o lançamento de um medicamento biológico para tratamento de câncer de pele.


Consulta - IG

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Shire chega ao Brasil para brigar com Novartis e J&J

Farmacêutica anglo-americana disputará pacientes com déficit de atenção, mercado que fatura US$ 30 milhões no Brasil.


O diferencial no novo remédio é que ele promete longa duração, maior que a dos medicamentos concorrentes


Cerca de 10 milhões de brasileiros sofrem de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), um problema neurobiológico que surge na infância e costuma acompanhar oindivíduo por toda a vida.

Os principais transtornos são desatenção, inquietude e impulsividadee podem ser tratados com medicamentos. Hoje, a venda de drogas nesse mercado movimenta por volta de US$ 30 milhões no Brasil e está concentrada nas mãos de duas gigantes do ramo farmacêutico: a suíça Novartis e a americana Janssen- Cilag, da Johnson&Johnson.

A partir do segundo trimestre, uma terceira concorrente chega às prateleiras das drogarias. Trata-se da Shire, farmacêutica anglo-americana que encontra-se em fase final de definição do lançamento do Vyvanse no Brasil, uma droga de nova geração que faz uso da substância dimesilato de lisdexanfetamina (a concorrência usa o metilfenidato, que é administrado há décadas) e promete longa duração. “Em vez dos medicamentos de curta duração, que exigem que o paciente tome de três a quatro comprimidos por dia, o Venvanse (nome que será atribuído ao produto no Brasil) baseia- se no uso de um comprimido e tem duração de 13 horas”, afirma Claudio Coracini, gerente-geral da Shire Specialty Pharma para o Brasil e o México.

O Venvanse será indicado para crianças de seis a 12 anos com déficit de atenção e hiperatividade. O próximo passo da farmacêutica é entrar com pedido de autorização para comercialização da droga para adolescentes e adultos.


Nos Estados Unidos e no Canadá, a droga já é prescrita para pacientes destas idades. No momento, contudo, Coracini encontra-se em fase de discussão de preço do Venvanse com a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed), da Anvisa, e espera definir o valor até o final do mês. Para lançar a divisão de Specialty Pharma no Brasil, em junho do ano passado, e colocar o Venvanse no mercado, a Shire está investindo R$ 30 milhões no país. Este valor inclui a contratação de uma equipe de 30 funcionários, que inclui Coracini e profissionais de áreas como financeira e regulatória.

O potencial deste mercado é enorme. Estima-se que apenas 150 mil pacientes foram diagnosticados e medicados corretamente no Brasil, dentre um potencial de 10 milhões de brasileiros como distúrbio. A entrada da Shire na disputa pelos atuais e novos pacientes deve movimentar este mercado. Em 2007, ano em que o Venvanse foi lançado, a imprensa internacional especializada comentava que a Shire acumulava 10% do mercado mundial do distúrbio e avançava nas vendas. “A entrada de um novo concorrente no mercado aumenta o conhecimento da doença por parte do paciente, o que é bom porque a taxa dos que se tratam está bem abaixo da prevalência do transtorno”, afirma Marcelo Gomes, gerente-médico da Novartis, que comercializa a Ritalina de curta e longa duração. O tempo de ação do medicamento, explica Gomes, vai depender de cada caso.

E ressalta que a duração mais curta também é interessante para evitar insônia e falta de apetite. Camila Finzi, diretora da unidade de negócios de especialidades da Novartis, garante que a estratégia da farmacêutica não vai mudar por conta da entrada da Shire no país. “Vamos continuar ressaltando nosso produto, que tem 50% do mercado, está à venda desde 1955 e tem mais de 200 estudos clínicos que comprovam sua eficácia.”



Farmacêutica também vai abrir unidade no México



A farmacêutica anglo-americana Shire temduas divisões independentes que operam ao redor do mundo: a Specialty Pharma, que desenvolve medicamentos nas áreas de transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, gastrointenstinal e hematologia, e a Human Genetic Therapies (HGT), que pesquisa e desenvolve drogas chamadas de órfãs para doenças raríssimas como Síndrome deHunter e Doença de Fabry e vende diretamente para o governo. A divisão de HGT operanoBrasil desde 2007.

A companhia fundada há 25 anos tem faturamento de € 3 bilhões, quatro mil funcionários e presença em quase todo o mundo. A divisão Specialty Pharma, que responde por 70% das vendas da companhia e 60% de sua rentabilidade, não existia no Brasil até junho do ano passado. “Estava mais do que na hora de entrarmos no mercado brasileiro com esta divisão”, afirma Claudio Coracini, que atua há 30 anos na indústria farmacêutica e foi o primeiro funcionário a ser contratado para a nova área. Hoje, além de atuar como gerente- geral da divisão da Shire no Brasil, ele está iniciando a implantação do negócio no México. Como o preço do medicamento no Brasil ainda não foi definido, Coracini diz que não pode prever o faturamento da empresa nos próximos meses. Para comercializar o Venvanse, a Shire vai divulgar a droga entre neurologistas e psiquiatras e atuar em cerca de 500 farmácias.

”Já está fazendo pré-marketing. Somos o terceiro produto do mercado e uma substância nova. Temos vários benefícios e também desvantagens, uma vez que os concorrentessão muito conhecidos e tradicionais. A luta vai ser dura”, diz Coracini. A Janssen-Cilag Farmacêutica, uma forte concorrente para a Shire, afirmou por nota que comercializa o medicamento Concerta (metilfenidato) no Brasil desde 2004. “Vale destacar que o metilfenidato é um dos princípios ativos mais estudados no mundo para o tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).”

Companhia fundada há 25 anos fatura € 3 bilhões e mantém 4mil funcionários


Novas áreas


O Venvanse não será a única droga que a Shire pretende vender no Brasil para combater o problema. A ideia é que esta família de medicamentos seja a mais representativa no faturamento da divisão Specialty Pharma da empresa. É certo que a farmacêutica pretende lançar algumas drogas para combater o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade. A próxima, no entanto, não deve aterrissar nas prateleiras antes do final de 2012. Outros alvos da Shire são os medicamentos para combater constipação.“Osbrasileiros se tratam com laxante, que não é nada saudável”,diz Coracini.


Brasil Econômico

Vida moderna eleva gastos com saúde

Banco Mundial estima que entre 1% e 4% do PIB serão gastos com aumento de doenças crônicas.O abandono do velho hábito do arroz com feijão, substituído por alimentos processados, sanduíches e pratos rápidos, está afetando a saúde financeira do país.

O problema não se refere à agricultura, mas ao bem-estar do brasileiro.

Ao importar um modo de vida moderno, ingerir uma quantidade de alimentos ricos em calorias, comer rápido e fora de casa, além de praticar poucos exercícios físicos, a população, em todas as classes sociais, abre espaço para um problema que já afeta o bolso dos Estados Unidos e se estende a todos as nações desenvolvidas.

Trata-se do alto custo das doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão, diabetes, colesterol e obesidade. Pesquisa do Banco Mundial aponta que o controle desse smales corresponde a um valor entre 1%e 4%do Produto Interno Bruto (PIB) de cada país. Nos Estados Unidos, o percentual é maior:5,4%.

“O Brasil precisa buscar alternativas para darmelhores condições de vida para seus cidadãos e um menor gasto de seguridade social - Rosana Radominski, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade

No Brasil, esse número ainda não foi calculado, mas o Ministério da Saúde já sente os efeitos do que se convencionou chamar de males da modernidade. Excesso de peso e obesidade juntos atingem cerca de 60% da população adulta, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O problema vem crescendo gradualmente nas últimas três décadas e está presente em todas as regiões do país. “O excesso de peso e a obesidade são encontrados com grande frequência, a partir de 5 anos de idade, em todos os grupos de renda e em todas as regiões brasileiras”, diz Daniel Bandoni, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Esse é um dos motivos para o aumento de doenças crônicas: o número de hipertensos totaliza 17 milhões de pessoas, os portadores de diabetes são mais de 10 milhões.

Hoje, entre 30% e 35% das causas de mortes são decorrência dessas doenças, com destaque para os problemas cardiovasculares”, diz Deborah Malta, coordenadora de doenças e agravos não transmissíveis do Ministério da Saúde. Campanha nacional “No Brasil, coexistem dois problemas: difundiram-se costumes relacionados ao sedentarismo e ao estilo de vida, associados a uma alimentação gordurosa e com muito açúcar, afirma Rosana Radominski, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (Abeso).


A associação, junto com o Ministério da Saúde, deve lançar uma campanha de conscientização para chamar a atenção da população para o problema. “O Brasil precisa buscar alternativas para dar melhores condições de vida para seus cidadãos e um menor gasto de seguridade social”, diz a médica.



Brasil Econômico

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Novas regras deixam bulas mais claras para usuários

Duzentas e duas bulas de medicamentos comercializados no Brasil já foram adequadas às novas regras e encontram-se disponíveis para consulta no site da Agência Nacional de Saúde e Vigilância Sanitária (Anvisa).


De acordo com as novas regras, as informações contidas nas bulas vão garantir mais segurança, clareza e facilidade de compreensão para os usuários.

Entre as principais mudanças está a determinação de aumento no tamanho da letra, a obrigatoriedade do alerta de doping para atletas - de acordo com as determinações do Comitê Olímpico Internacional (COI) – e a chamada explicação técnica. Essa última regra garante que os termos técnicos sejam explicados em linguagem acessível ao paciente.


Outra mudança importante é a obrigação de se fazer adaptações para deficientes visuais. Segundo as novas regras, as empresas deverão oferecer bulas em formatos digitais, de áudio, impressas em braille ou com fonte ampliada, a depender da necessidade e escolha do consumidor.A norma é resultado de uma discussão com a população, por meio de consulta pública, e começou a ser implementada no ano passado.

Progressivamente, todas as bulas serão incorporadas ao Bulário Eletrônico. A medida é resultado de uma parceria entre o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor e a Anvisa.


Materia: Fonte: DCI – SP