quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Farmacêuticas - Aquisições e interesse de fundos mantêm-se firmes

As indústrias far macêuticas brasileiras vão continuar sendo alvo de aquisições e também deverão atrair o interesse de fundos de private equity em 2011, de acordo com analistas e especialistas ouvidos pelo Valor.

Apesar dos ativos inflacionados, por conta do recente movimento de concentração do setor, o mercado nacional é considerado estratégico para as grandes multinacionais, que buscam elevar sua receita em países emergentes.

A israelense Teva é um exemplo. A farmacêutica, uma das maiores companhias de genéricos do mundo, tem sondado o Brasil nos últimos anos, apurou o Valor.


Em 2005, tentou comprar a BioSintética, que acabou nas mãos do laboratório nacional Aché. Desde então, o grupo passou a participar de algumas das mais importantes negociações do setor fechadas recentemente. Fontes afirmaram que a Teva chegou a fazer uma oferta por uma participação de pelo menos 40% da farmacêutica EMS.

Procurada, a Teva informou que "não comenta rumores de mercado". A EMS afirmou que não tem interesse de vender seu controle e que é consolidadora no setor.

O fato é que depois que a Mantecorp foi vendida no fim do ano passado para a Hypermarcas, poucos ativos de peso estão disponíveis no mercado. Grandes companhias nacionais, como EMS, Eurofarma, Aché e Biolab, para citar alguns exemplos, viraram objeto de cobiça das chamadas "big pharmas", como são conhecidas as gigantes farmacêuticas mundiais.

No entanto, essas empresas afirmam não ter interesse em ser vendidas. Especialistas do setor acreditam que fundos podem se associar a essas empresas ou mesmo grandes companhias podem fazer parcerias, como o caso da Pfizer, que adquiriu no ano passado 40% da Teuto, com opção de compra de controle no futuro.

A Eurofarma e Cristália negociam desde o ano passado possível aliança para a criação de uma nova empresa para produzir medicamentos, segundo fontes de mercado. Essas mesmas fontes afirmam que a Cristália poderá se desfazer do seu controle mais cedo ou mais tarde, uma vez que seu fundador, Ogari Pacheco, com mais de 70 anos, não tem herdeiros.

Outra negociação que está em andamento, conforme já antecipou o Valor, é a venda do laboratório nacional Hipolabor, de pequeno porte, com fábrica em Sabará (MG). Há alguns meses, a empresa colocou seus ativos à venda e poderá abrir mão do seu controle, segundo fontes.

A companhia, especializada em produtos hospitalares, comercialização de medicamentos ao governo e registros para produtos genéricos, está sendo assediada por multinacionais interessadas em ampliar sua participação no Brasil.

O banco BNP Paribas está coordenando a negociação. Mas como tem o foco em medicamentos hospitalares, dificilmente atrairá o interesse de grandes multinacionais, acreditam analistas ouvidos pelo Valor.

O fato de ter alguns de seus produtos autuados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ajuda a afugentar possíveis interessados. A empresa nega que esteja à venda.

No ano passado, além da Hypermarcas e Pfizer, que fizeram os maiores negócios do setor, a Valeant comprou dois pequenos laboratórios no início de 2010. No segundo semestre, a Eurofarma fechou a compra da Segmenta e o Aché adquiriu uma participação de 50% no laboratório Melcon, em Anápolis (GO). O EMS adotou uma estratégia agressiva em genéricos, com o lançamento de importantes medicamentos que perderam a patente, como o Viagra e o Lipitor.

Laboratórios nacionais vão lançar biossimilares

Os laboratórios nacionais já começaram a fazer registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para os chamados medicamentos biossimilares. Segundo Odnir Finotti, presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (Pró Genéricos), alguns desses medicamentos poderão ser lançados até o fim deste ano no país.

O Aché deverá fazer o registro de um medicamento biossimilar no início deste ano e outro até o fim de 2011, ambos voltados para oncologia, afirmou José Ricardo Mendes Silva, principal executivo. Mendes foi eleito presidente do conselho de administração do Pró Genéricos. Odnir Finotti mantém-se como presidente-executivo.

Os biossimilares, produzidos a partir dos remédios biológicos, equivalem aos genéricos, mas essas drogas não comprovam a bioequivalência com os originais, como ocorre com os genéricos.Os biológicos são a nova aposta das grandes farmacêuticas. Esses produtos são derivados de materiais vivos (plantas, animais ou microrganismo) ou de células geneticamente modificadas. Os tipos de medicamentos biológicos mais conhecidos são os hormônios, como as insulinas e as vacinas.

Em dezembro, a Anvisa divulgou novas normas para o registro de produtos biológicos. As determinações estão reunidas na RCD (Resolução Colegiada da Diretoria) nº 55, que estabelece requisitos mínimos de qualidade, segurança e eficácia para medicamentos biológicos. A partir dessa resolução, a Anvisa permite o desenvolvimento de produtos biológicos por meio de comparabilidade com outros já existentes no mercado, ou seja, com os medicamentos biossimilares.


O nacional Aché deverá investir cerca de R$ 130 milhões este ano para concluir os aportes em sua nova unidade em Guarulhos, na Grande São Paulo, e também lançar novos medicamentos, afirmou ao Valor José Ricardo Mendes da Silva, principal executivo da farmacêutica. "Temos um plano agressivo para genéricos para este ano. Hoje esse segmento responde por 20% de nossa receita [que ficou em R$ 2,3 bilhões em 2010]", afirmou o executivo.

Os laboratórios Neo Química, da Hypermarcas, e a Teuto, ambos em Anápolis (GO), também estão em fase de expansão. A Medley, da francesa Sanofi-Aventis, também terá uma fábrica nova em Brasília.A participação dos genéricos no Brasil já atinge 21,3% do mercado geral de medicamentos, que encerrou no ano passado com vendas de R$ 36,265 bilhões, um crescimento de 20% sobre o no anterior. Em 2009, a fatia estava em 18,7%, com vendas totais de R$ 30,251 bilhões. A expectativa do setor é que o segmento genérico possa mais do que dobrar nos próximos anos, respondendo por 40% a 50% das vendas totais, atingindo igual participação de países como EUA e Europa.

"A economia cresceu em 2010 e o acesso a medicamentos acompanhou esse movimento", afirmou Odnir Finotti, presidente-executivo da Pró Genéricos. No ano passado, a queda da patente do Viagra (para tratamento de disfunção erétil) e do Lipitor (combate o colesterol elevado), ambos da multinacional americana Pfizer, ajudaram a elevar as vendas do setor.A EMS saiu na frente, com o lançamento da versão genérica desses dois produtos, mas outras farmacêuticas também pediram registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para entrar nessa concorrência.

Para este ano, a expectativa é de que o setor continue em expansão, uma vez que outros "blockbusters" (remédios campeões de vendas) estão para perder a patente e possam injetar no mercado de genéricos mais R$ 700 milhões. Entre os novos genéricos estão o valsartan (combate hipertensão arterial), cujo principal medicamento de marca é o Diovan, que pertence à farmacêutica suíça Novartis. O EMS também já conseguiu registro para negociar a versão genérica desse produto. Estão também na fila o rosuvastatina (indicado para colesterol alto e doenças cardiovasculares), comercializado no Brasil pela AstraZeneca, com o nome comercial de Crestor, e a quetiapina, comercializada pela AstraZeneca com o nome comercial Seroquel (antipsicótico.



Fonte: Valor Econômico

Mercado de medicamentos genéricos cresce 33% em um ano

O mercado de medicamentos genéricos cresceu 33% em 2010, quase o dobro do registrado no setor farmacêutico como um todo.

O bom desempenho se deve, em parte, ao término da patente de dois medicamentos: Viagra (sildenafil), para impotência sexual, e Liptor (atorvastatina), para controle do colesterol.

Segundo dados do IMS Health, instituto que audita o desempenho da indústria farmacêutica no Brasil e no mundo, os fabricantes de genéricos comercializaram no ano passado 444,3 milhões de unidades - cerca de 21% de todos os medicamentos vendidos - e movimentaram R$ 6,2 bilhões.

Para o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (Pró Genéricos), Odnir Finotti, o bom desempenho se deve também ao crescimento da economia e ao aumento da renda da população.

"O Viagra foi nossa grande estrela no ano passado. Mas os medicamentos para controle de doenças crônicas, como hipertensão, ainda são os mais vendidos", conta.

A Pró Genéricos mantém projeções de crescimento otimistas para 2011 - principalmente pela entrada no mercado de um dos anti-hipertensivos mais vendidos no País, o valsartana, cujo nome comercial é Diovan.

A droga representa um mercado de mais de R$ 400 milhões anuais."Esses medicamentos dinamizam o mercado de genéricos que, por sua vez, ampliam o consumo da substancia em até seis vezes, como ocorreu no caso do Viagra e do Liptor", diz Finotti.Ele conta que também estão em fase de registro na Anvisa biogenéricos para tratamento de doenças complexas, como artrite reumatoide, psoríase, hepatite e câncer.



Fonte: O Estado de S. Paulo

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Nestlé compra farmacêutica e amplia mercado

A multinacional anunciou em setembro a futura criação da subsidiária e investimentos de 500 milhões de francos suíços.

A Nestlé expande atuação no setor de saúde com a compra de uma farmacêutica do Reino Unido, a CM&D Pharma Ltda.. A farmacêutica é novata e está criando uma goma de mascar para ajudar pacientes com doenças nos rins.

De acordo com informações do The Wall Street Journal, a empresa já atuava no segmento na área de alimentação enteral e agora amplia sua atuação com a divisão Nestlé Health Science SA, uma subsidiária que abriu as portas no mês passado.

A multinacional anunciou em setembro a futura criação da subsidiária e investimentos de 500 milhões de francos suíços (US$ 530 milhões) em dez anos, além de um instituto de pesquisa a ela associado. O objetivo é ampliar a atuação num setor em que a Nestlé tenta penetrar desde pelo menos desde o fim dos anos 80.

A CM&D foi criada em 2007 por um ex-executivo da Sinclair Pharma PLC, Danilo Massari. Embora a empresa ainda não tenha feito o lançamento integral de seu primeiro produto, ela tem vários produtos alimentícios medicinais em testes, disse o diretor-presidente da CM&D, Stephen Appelbee.

Um desses produtos é o Fostrap, uma goma de mascar para pessoas que têm níveis muito altos de fosfato no sangue devido a uma falha dos rins. O fosfato na saliva cola na goma. Não há remédios na goma, e sim um nutriente. Como não é uma droga, não será necessário ter receita.

Entre outros produtos que estão sendo testados pela CM&D estão o Eviendep, uma mistura nutriente que desacelera a progressão de pólipos intestinais, e o Recoclix, um alimento medicinal para aliviar a dor resultante do Mal de Crohn e outras doenças inflamatórias do intestino.


Mercado


As organizações de produtos alimentícios - principalmente a Nestlé e a Groupe Danone SA - têm feito um esforço para assumir uma liderança na fabricação de produtos voltados para doenças como o Mal de Alzheimer ou a diabetes. Embora a área seja considerada promissora, tanto do ponto de vista médico como de negócio, ela também gerou críticas do governo americano e de alguns setores da comunidade médica por fazer propagandas exageradas dos benefícios à saúde de seus produtos.

Alguns médicos temem que os chamados alimentos medicinais não passem pela mesma fiscalização ou testes rigorosos que os remédios. Eles advertem que as empresas de produtos alimentícios têm um histórico ruim de exagerar os benefícios para a saúde de seus produtos para ganhar uma vantagem mercadológica. Em julho, por exemplo, a Comissão Federal do Comércio, agência americana encarregada da defesa do consumidor, obrigou a Nestlé a retirar a alegação de que o produto Boost Kid Essentials protegia o sistema imunológico das
Agora, a Nestlé espera acertar os ponteiros com a operação da unidade de alimentos medicinais como uma empresa separada, armada com investimento e talentos suficientes.

Até o momento a Nestlé Health Science é formada pela empresa de nutrição medicinal que a Nestlé adquiriu da Novartis AG por US$ 2,5 bilhões em 2007. É essa divisão que comercializa vitaminas energéticas da marca Boost. A Nestlé já era investidora da CM&D por meio da Inventages Venture Capital Investments antes de comprá-la.

A Danone está com iniciativas semelhantes em alimentos medicinais. Um produto é o Souvenaid, uma vitamina que está sendo desenvolvida pela Nutricia, uma subsidiária da Danone, que supostamente repara sinapses cerebrais para mitigar os sintomas do Alzheimer. O Souvenaid ainda não chegou ao mercado.
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