quarta-feira, 21 de março de 2012

Bayer planeja 50 lançamentos em MIPs nos próximos 5 anos

O grupo alemão Bayer planeja passar da 10ª à 5ª posição no segmento de medicamentos isentos de prescrição (MIPs), com o lançamento de até 50 novos produtos em cinco anos. Somente em 2012, cinco produtos inéditos deverão ser colocados no mercado, levando a um incremento de receita de 23% na área de Consumer Care da companhia, com investimentos 25% maiores do que em 2011, segundo informação da empresa, que não define valores.

Fabricante de remédios populares sem receita, como o analgésico Aspirina, a vitamina Redoxon e a pomada contra assaduras Bepantol, a empresa obtém 20% do faturamento de sua operação brasileira de Healthcare na área de consumo. Está em jogo nesta estratégia o interesse em um mercado que cresce na casa de dois dígitos, acompanhando o aumento de renda do brasileiro, apesar de resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que, desde 2009, tornou obrigatória a localização deste tipo de produto atrás do balcão das farmácias. Em 2011, a indústria farmacêutica instalada no Brasil vendeu R$ 12,4 bilhões de medicamentos isentos de prescrição, crescimento de 16,5% em relação ao ano anterior.

Os MIPs detêm 28% do mercado de medicamentos no País, segundo dados da consultoria IMS Health, fornecidos pelo Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Estado de São Paulo (Sindusfarma).

A Bayer lançou, no fim de 2011 dois, novos produtos da marca Bepantol, o Bepantol Derma Creme e Solução, visando incrementar seu portfólio de dermocosméticos, mercado que cresceu 16,4% em faturamento ao ano de 2007 a 2011, ante um incremento médio de 14% do mercado farmacêutico de consumo em geral, segundo o diretor de Consumer Care, Jonas Marques.

O potencial de ampliação do portfólio somente dentro desta marca é imenso, diz ele: "No Brasil temos quatro produtos Bepantol, enquanto na Europa já são cinquenta". O executivo cita produtos para queimadura, peles danificadas e reparação labial como próximos lançamentos. A empresa não revela quanto vai investir para galgar posições no mercado de medicamentos sem prescrição, mas afirma que os aportes devem incluir pesquisas de mercado, para entender melhor o consumidor brasileiro, e desenvolvimento de novos produtos. Campanhas publicitárias também consomem grande volume dos aportes. A empresa tem buscado inovar na divulgação de seus produtos, com a utilização das mídias sociais na formação do posicionamento de marcas.

Entre novos segmentos a serem explorados no Brasil, Marques cita o de queda capilar e o de produtos voltados para o público infantil. "Os pais são capazes de comprar produtos mais caros e melhores para as crianças do que para eles próprios", observa. Segundo Marques, a farmacêutica alemã, que em 2013 completará 150 anos, está aberta a aquisições na área de consumo. "Não temos negociações em andamento, mas estamos totalmente abertos, buscando, inclusive", afirma. "Acreditamos que, além do crescimento orgânico, uma aquisição que tenha a ver com nosso portfólio seria importante também."



Liberação



Foi publicada no Diário Oficial do Estado de São Paulo, na última sexta-feira, lei que "assegura às farmácias e drogarias o direito de manter ao alcance dos usuários medicamentos isentos de prescrição médica". A Lei Nº 14.708/2012, baseada em projeto de autoria do deputado Salim Curiati (PP-SP), contraria a resolução RDC 44/09 da Anvisa, que estabeleceu a necessidade de solicitação ao farmacêutico para a obtenção desse tipo de produto.

"A Anvisa não pode incluir na obrigatoriedade de receita todos os medicamentos, aí a população fica em dificuldade", diz Curiati, mudando a finalidade da resolução do órgão de vigilância. Segundo ele, a lei não foi concebida em benefício da indústria farmacêutica, mas da população que estaria sobrecarregada com restrições.

De acordo com o representante da Bayer, a resolução da Anvisa não afetou o crescimento do setor, mas levou a uma adaptação das empresas. "Acreditamos que não há motivo para que esse produto não esteja exposto ao paciente, porque são produtos de cuidado primário", diz Marques. O diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição (Abimip), Aurélio Saez ressalta o aumento de poder do comerciante sobre a escolha do consumidor. "Com a resolução da Anvisa, aumentou o poder do vendedor, substituindo produtos, mas o volume de vendas continua crescendo como antes", afirma.

Fonte: DCI – São Paulo