quinta-feira, 23 de julho de 2009

Brasil é o 4º preferido das múltis para investir

De olho no mercado brasileiro, multinacionais apontam o País como o quarto destino preferido para investimentos nos próximos dois anos, segundo uma pesquisa da Conferência das Nações Unidas (ONU) para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad).

A entidade também apurou que haverá queda de 50% no fluxo de investimentos no mundo em 2009, leve retomada em 2010 e recuperação "substancial" em 2011. Os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) ocupam quatro dos cinco primeiros lugares entre os preferidos dos investidores.A pesquisa ouviu mais de 240 multinacionais.

Dessas, 50% planejam investir em 2011 mais do que investiram em 2008 - no caso das asiáticas, o porcentual chega a 57% e no das americanas, a 71%. Esse resultado indica que o processo de internacionalização será retomado, ainda que forma mais lenta.Outra diferença: o padrão mudará e haverá preferência cada vez maior pelos países emergentes. Segundo a Unctad, a crise deu "novo ímpeto" a essa tendência.

Os países ricos continuarão a atrair investimentos, mas crescerá o papel dos emergentes nas estratégias das multinacionais. A liderança na preferência das múltis é a China, com 56%, seguida pelos Estados Unidos (48%).

A quebra de empresas americanas atrairá investidores até de países emergentes, por causa do baixo preço. O mercado interno, a desvalorização do dólar e a perspectiva de que o país saia da crise antes da Europa e do Japão também contribuem para atrair investimentos. A terceira posição entre os principais destinos é da Índia.

Pelo levantamento, o Brasil passou da quinta posição em 2008 para a quarta posição. Foi citado por 25% dos entrevistados. Essa posição decorre do maior interesse pelo mercado brasileiro e da queda da atratividade da Rússia, que até 2008 ocupava a quarta posição no ranking. Este ano, a Rússia caiu para a quinta posição.

POR CONTINENTE

O Brasil também é o quarto destino preferido das empresas europeias, superando Rússia e Reino Unido, e das japonesas.

Entre as americanas, o Brasil é o quinto, acima dos próprios Estados Unidos. Mas é o sexto no caso dos investimentos asiáticos (excluindo o Japão).A pesquisa apontou que o principal atração dos investimentos é o tamanho do mercado, seguido do crescimento econômico. Incentivos fiscais são só o 13º motivo.

No caso do Brasil, 20% das empresas indicaram que são atraídas pelo tamanho do mercado e 19%, pela perspectiva de crescimento. Ineficiência do governo e infraestrutura são os pontos fracos.O Brasil, ainda em 2009, está sendo beneficiado por um comportamento estável dos investimentos no setor agrícola.

"O Brasil tem amplos recursos naturais, um mercado doméstico que cresce e tem mostrado que poderá sair da crise com certo conforto", disse James Zhan, autor do levantamento. Para ele, os setores manufatureiro, de mineração e agrícola devem receber o maior volume de investimentos.

O levantamento não significa que o Brasil receberá maior volume de investimentos que os países ricos, mas um número maior de empresa vê o País como um destino mais atraente que, por exemplo, todos os países da Europa Ocidental.Entre janeiro e maio deste ano, os investimentos no País chegaram a US$ 11,2 bilhões.

O volume foi o segundo maior da década nesse período. A perspectiva para 2009 é de US$ 25 bilhões, segundo levantamento com o mercado financeiro feito pelo Banco Central. O valor é inferior ao recorde de US$ 45 bilhões em 2008.

Mas, se a projeção para 2009 se confirmar, o volume será o sexto maior desde 1947 e o quarto mais importante da década. "O Brasil caminha bem, um crescimento deve ocorrer e o País desenvolve novas indústrias ,como de etanol e mineração", comentou Zhan.No restante do mundo, a Unctad apurou que os investimentos caíram 54% no primeiro trimestre do ano.

As aquisições e fusões recuaram 77%, com queda de 50% nos emergentes. Se a tendência dos investimentos em geral for mantida, a projeção para 2009 é que a queda será de quase 50% na comparação com 2008.

O Estado de S. Paulo, reportagem também publicada no veículo Folha de S. Paulo
Jornalista: Jamil Chade

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