segunda-feira, 29 de junho de 2009

O PODER DO MITO – O que podemos aprender com eles para o marketing?


Na última semana o mundo inteiro foi comovido pela morte do astro pop Michael Jackson.


Tal comoção gerou uma "pane" no maior site do busca do planeta, o Google, e também no Youtube.


Milhares de pessoas buscavam freneticamente informações sobre a morte do astro, bem como imagens, vídeos que pudessem retratar sua carreira ou momentos.


Além disto, saindo do mundo virtual, houve uma “correria” para as lojas atrás de CDs, ou qualquer outro item que trouxesse a imagem ou voz do cantor, o que fez com que houvesse filas e os estoques esgotassem em pouco tempo, provocando listas de espera de produtos nas distribuidoras.


O mesmo Michael Jackson que ficou marcado por acusações, e por uma gestão financeira que ao que parece, o levou a contrair dívidas pessoais de milhares de dólares. Um mito, fortalecido após sua morte tremendamente.


Mas porque criamos mitos? Porque nos importamos com eles? O que eles tem a ver com nossas vidas? Porque compramos tantos itens e o marketing se apodera deles para alicerçar campanhas de produtos?


O livro “O poder do mito” de Joseph Campbell descreve aspectos interessantes sobre o mito na vida humana.


Se formos discorrer todos os aspectos sobre o comportamento humano e recorrer a Jung, entre outros, este espaço seria muito pequeno, porém a idéia é tentar vislumbrar a essência que descreveu Campbell e verificar que impactos tem isto no comportamento humano e como isto pode, e é explorado em marketing.


Um de nossos problemas, hoje em dia, é que estamos interessados nas notícias do dia e nos problemas práticos do momento. Segundo vários autores, desde a revolução industrial, o pragmatismo tomou conta do mundo moderno, e todo o conhecimento só tem real valor que se puder ser aplicado ao mercado de trabalho, numa busca frenética por aumento de competitividade e produtividade, produtos melhores, mais baratos, enfim.


Logo, o “aprender”, pensando-se no interior de cada pessoa, na satisfação do indivíduo, a busca pelo aprimoramento, cedeu espaço a esta “batalha” para a sobrevivência de mercado.


Muitas histórias antigas, mesmo de outros povos, de heróis e seus feitos se conservavam na mente das pessoas, dando uma certa perspectiva naquilo que aconteciam em suas vidas, na busca pela superação, pela motivação, na busca de valores humanos, com erros e acertos, paixão, morte, enfim.


Com a perda disso, por causa dos valores pragmáticos de nossa sociedade industrial, perdemos efetivamente algo, porque não possuímos nada para “por no lugar”. Essas informações, provenientes de tempos antigos, traduzem problemas interiores, a busca pela humanidade, e servem como “pilares” para a construção de nossas crenças, valores, etc.


Quer dizer que contamos histórias para tentar entrar em contato com o mundo, nos adaptando à realidade?


Sim. Grandes romances, épicos, passagens bíblicas, podem ser excepcionalmente instrutivos, porque a única maneira de você descrever verdadeiramente o ser humano é através de suas imperfeições, segundo Campbell. O ser humano perfeito é desinteressante. As imperfeições da vida, por serem nossas, é que são apreciáveis, e atraem multidões.


Talvez por este motivo é que do ponto de vista do mito, estes astros provoquem tamanha comoção, e por este mesmo motivo, atraiam tantos seguidores e sua “perda” para o mundo, gere consternação e ao mesmo tempo esta “corrida” para a compra de “pequenos pedaços” do herói (ou anti-herói) que possam manter vivo sua passagem pela vida, e nos mostrem a faceta mais humana que todos temos, com suas imperfeições, erros, acertos, preenchendo este espaço de um mercado cada vez “menos humano”.


Do ponto de vista de marketing estes elementos são poderosos e como profissionais, sempre buscamos “personificar” um produto, associando uma pessoa, entidade, imagens, ou mesmo seus valores, tentando criar associações importantes que conduzam a um posicionamento muito mais claro e que traduzam os benefícios do produto (e benefícios são os que buscam todos os consumidores).


Talvez por este motivo, é que em muitos segmentos, a “personificação” de produtos tem sido alvo da legislação para sua limitação ou proibição, pois sua força de mobilização é grande.


Mas este tema, muito interessante será comentado aqui brevemente.

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