quarta-feira, 8 de julho de 2009

Grupo alemão compra Panarello, uma das maiores distribuidoras farmacêuticas.

O grupo alemão, que atua em 14 países, vai adquirir 54% das ações do grupo Panpharma. Além da Panarello, a aquisição englobará as distribuidoras American Farma e Sudeste Farma.

O Celesio terá opção de elevar essa fatia acionária no futuro. Embora perca o controle da empresa, a família Panarello continuará à frente da gestão. Alexandre Panarello, diretor-geral do grupo, será o presidente da empresa enquanto seus pais, Paulo Panarello Neto e Ester, assumirão assentos no conselho de administração e comitês de gestão da empresa. Os alemães indicarão dois diretores.

O grupo brasileiro foi fundado em 1975, faturou R$ 3 bilhões em 2008, atende 30 mil farmácias e possui 17% do mercado atacadista. Com sede em Goiânia, o grupo cresceu com gordos incentivos fiscais oferecidos pelo governo de Goiás.

A intenção dos dois grupos não é revelar o valor do negócio, que poderá alcançar a casa dos R$ 300 milhões a R$ 500 milhões, segundo especialistas consultados pelo Valor. A assessoria de imprensa da Panpharma confirmou a negociação, dizendo que os detalhes finais estão sendo acertados e o grupo não daria entrevista para falar sobre o assunto. Em mensagem enviada aos funcionários depois de a notícia do negócio ter vazado pelos jornais alemães, Panarello Neto disse que os recursos do aporte de capital serão "integralmente aplicados na empresa com o objetivo de acelerar a estratégia de crescimento e, consequentemente, consolidar o grupo como líder absoluto no mercado de distribuição farmacêutica no Brasil."

Se concretizada, a transação marcará o ingresso de capital estrangeiro na distribuição de medicamentos no país. Em agosto, a inglesa Alliance Boots anunciou a compra de 25% da Athos Farma, quarta maior do setor, mas desistiu do negócio em abril em razão das dificuldades enfrentadas pelo grupo brasileiro.

"O mercado farmacêutico brasileiro está mudando e passando ao largo da crise em razão da melhora do poder aquisitivo das classes C, D e D", diz Nelson Mussolini, da consultoria Mussolini Assessoria em Negócios e ex-diretor da Novartis no Brasil. O consultor antevê mudanças no mercado atacadista com redução do número de empresas no setor.

Cerca de três centenas de empresas atuam no segmento, mas a concentração vem aumentando. Especialistas estimam que as maiores do setor têm mais de 40% do volume de vendas. As empresas ligadas à Associação Brasileira do Atacado Farmacêutico (Abrafarma) movimentaram R$ 16,7 bilhões em 2008.

O cerco do fisco é outro fator que tem ajudado a mudar a face do setor. A adoção da substituição tributária pelo governo de São Paulo elevou os custos na gestão dos estoques das distribuidoras. "Atacadistas que gozavam de alíquotas menores na comercialização de medicamentos tiveram um aperto de caixa com a introdução das mudanças fiscais. Isso foi bom porque criou um clima mais tranquilo para trabalhar", diz o presidente de um laboratório farmacêutico.

O grupo Celesio, que faturou ¿ 21,8 bilhões em 2008, tem sua atuação principal na Alemanha, França, Inglaterra e Portugal. Empregando 37 mil pessoas, o grupo, com sede na cidade alemã de Stuttgart, possui 2.300 farmácias próprias.

Fonte: Valor Econômico

Data: 08/07/09Jornalista: Indefinido

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